ESPECIAL: BUÍQUE TEM UM DOS PIORES ÍNDICES DE PROGRESSO SOCIAL DE PERNAMBUCO E DO BRASIL, APONTA LEVANTAMENTO

 

Ferramenta de gestão territorial baseada em dados públicos, que identifica e apresenta, em uma mesma escala, se as pessoas têm o que precisam para prosperar aponta que município do agreste pernambucano figura na 4.921ª posição entre os 5.570 municípios do país, e no 174º lugar em Pernambuco, que tem 184 municípios e o Arquipélago de Fernando de Noronha (Foto: Reprodução/ IPS Brasil)

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Um levantamento feito pelo IPS Brasil no ano passado avaliou, baseado em 53 indicadores de fontes públicas sociais e ambientais, quais são os municípios brasileiros onde os habitantes têm mais oportunidades de prosperar. E a percepção de alguns sobre Buíque foi confirmada neste levantamento: que o município do agreste pernambucano, definitivamente, não é um deles.

O IPS Brasil é uma colaboração entre o Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), Fundação Avina, Centro de Empreendedorismo da Amazônia, iniciativa Amazônia 2030, Anattá - Pesquisa e Desenvolvimento, e o Social Progress Imperative. O IPS Brasil também recebeu apoio de especialistas em diversas áreas que orientaram na construção de um framework de indicadores para o cálculo do índice para o país.  Esta é uma ferramenta de gestão territorial baseada em dados públicos, que identifica e apresenta, em uma mesma escala, se as pessoas têm o que precisam para prosperar, desde necessidades básicas como abrigo, alimentação e segurança, até se possuem acesso à informação e comunicação, e se são tratadas igualmente, independentemente de gênero, raça ou orientação. O índice será atualizado anualmente, focando em medir resultados reais em progresso social, não apenas investimentos, para avaliar se as necessidades básicas da população estão sendo atendidas.

Ele é composto por 53 indicadores secundários de fontes públicas que são exclusivamente sociais, ambientais e que medem resultados, não investimentos. Essas variáveis foram agregadas em um índice geral, com nota de 0 a 100, e índices para 3 dimensões (Necessidades Humanas Básicas, Fundamentos do Bem-estar e Oportunidades) e 12 componentes (Nutrição e Cuidados Médicos Básicos, Água e Saneamento, Moradia, Segurança Pessoal, Acesso ao Conhecimento Básico, Acesso à Informação e Comunicação, Saúde e Bem-estar, Qualidade do Meio Ambiente, Direitos Individuais, Liberdades Individuais e de Escolha, Inclusão Social e Acesso à Educação Superior).

O IPS é constituído por três dimensões, sendo cada uma delas dividida em quatro componentes. As dimensões abrangidas pelo IPS são:
- Necessidades Humanas Básicas: Um país, Estado e ou município possui condições de garantir as necessidades humanas mais básicas para a sua população?
- Fundamentos do Bem-estar: Existem elementos vitais que garantam às pessoas e comunidades a chance de prover e manter o seu bem-estar?
- Oportunidades: Há na sociedade oportunidades para que todos os indivíduos possam atingir seu pleno potencial?

A primeira dimensão, Necessidades Humanas Básicas, avalia se um país e ou região tem condições de prover as necessidades essenciais de sua população. Essa dimensão mede se as pessoas têm comida suficiente, se estão recebendo cuidados médicos básicos, se possuem acesso à água potável, se têm acesso adequado à habitação com serviços básicos e se estão seguras e protegidas.

A segunda dimensão, Fundamentos do Bem-estar, mede se uma população possui acesso à educação básica de qualidade e à comunicação e se tem condições de viver com saúde, bem-estar e qualidade de vida. Essa dimensão também avalia se a sociedade consegue viver de forma ambientalmente sustentável e se está garantindo a existência dos recursos naturais (floresta, água) para as gerações futuras.

A terceira dimensão, Oportunidades, mede o grau em que uma sociedade é livre de restrições sobre os seus próprios direitos e os seus indivíduos são capazes de tomar suas próprias decisões e se existem preconceitos e hostilidades que impedem os indivíduos de atingirem pleno potencial.

Para calcular o IPS Brasil 2024, foram utilizados 53 indicadores, provenientes de fontes oficiais e de institutos de pesquisa, tais como o Ministério da Saúde, Ministério da Cidadania, Sistema Nacional de formações sobre o Saneamento (SNIS), Instituto Nacional de Estudos e pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Mapbiomas, Anatel, CadÚnico, entre outras.

Pela abrangência de informações consolidadas, o IPS Brasil busca dar uma visão mais ampla da situação social, ambiental e até econômica do país, de forma mais atualizada se comparado com o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), por exemplo, que é feito pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento- PNUD. Os dados mais atualizados são de 2010, e Buíque aparecia na 5.416ª posição nacional, com um IDH de 0,527.

No caso do IPS, Buíque conseguiu a nota 52,27 de 100: isso faz com que o município, a nível nacional, fique em 4.921º lugar; e em 174º lugar no estado de Pernambuco.
O PIB per capita, resultado de tudo que é produzido no município dividido pelo total de habitantes, também é um dos piores do Brasil: R$ 10.615,25 (dez mil, seiscentos e quinze reais e vinte e cinco centavos), o que joga Buíque para a 4.952ª posição.

Na dimensão Necessidades Humanas Básicas, Buíque está na 5.232ª posição do ranking nacional, com nota 58,16. Quando analisamos cada um de seus componentes, esses são os resultados do município:
- Nutrição e Cuidados Médicos Básicos (4.295ª posição nacional com nota 65,0);
- Água e Saneamento (5.350ª posição nacional com nota 33,5);
- Moradia (4.470ª posição nacional com nota 81,24);
- Segurança Pessoal (4.130ª posição nacional com nota 52,88).
O índice de perda de água na distribuição foi considerado relativamente forte no levantamento e os de abastecimento de água via rede de distribuição e domicílios com coleta de resíduos adequada, relativamente fracos.

Na dimensão Fundamentos do Bem Estar, Buíque está na 3.291ª posição do ranking nacional, com nota 61,84. Quando analisamos cada um de seus componentes, esses são os resultados do município:
- Acesso ao Conhecimento Básico (2.861ª posição nacional com nota 72,13);
- Acesso à Informação e Comunicação (4.426ª posição nacional com nota 50,6);
- Saúde e Bem Estar (1.538ª posição nacional com nota 60,36);
- Qualidade do Meio Ambiente (3.511ª posição nacional com nota 64,25).
O índice de abandono no Ensino Médio foi considerado relativamente forte no levantamento.

Na dimensão Oportunidades, Buíque está na 3.954ª posição do ranking nacional, com nota 36,81. Quando analisamos cada um de seus componentes, esses são os resultados do município:
- Direitos Individuais (945ª posição nacional com nota 37,0);
- Liberdades Individuais e de Escolha (3.851ª posição nacional com nota 34,57);
- Inclusão Social (3.709ª posição nacional com nota 51,38);
- Acesso à Educação Superior (3.866ª posição nacional com nota 24,28).
Os índices de acesso a programas de direitos humanos e paridade de gênero na Câmara Municipal foram considerados relativamente fortes no levantamento e o de violência contra mulheres, relativamente fraco.
Foto: Reprodução/ IPS Brasil

O Arquipélago de Fernando de Noronha obteve o melhor Índice de Progresso Social de Pernambuco: 65,02. A capital Recife ficou na segunda posição estadual, com 63,73; seguido de: Olinda (63,73), Ingazeira (63,63) e Caruaru (62,75). 
As cidades vizinhas de Arcoverde (39ª posição estadual com nota 59,0), Itaíba (66ª posição com nota 57,49), Tupanatinga (138ª posição com nota 54,58), Águas Belas (155ª posição com nota 54,07) e Ibimirim (165ª posição com nota 53,32) ainda ficaram à frente de Buíque no ranking pernambucano. Somente a Pedra ficou atrás no ranking em 180º lugar, com nota 51,01.
Os cinco municípios com os piores Índices de Progresso Social de Pernambuco foram Casinhas (50,85), Santa Filomena (50,57), Jaqueira (50,4), Paranatama (49,79) e Carnaubeira da Penha (47,17).

Já os cinco municípios com os melhores Índices de Progresso Social do Brasil foram:
- Gavião Peixoto, em São Paulo, com nota 74,49;
- Brasília, no Distrito Federal, com nota 71,25;
- São Carlos, em São Paulo, com nota 70,96;
- Goiânia, em Goiás, com nota 70,49;
- e Nuporanga, em São Paulo, com nota 70,47.
Enquanto que os cinco piores resultados do país foram obtidos em:
- Uiramutã, em Roraima, com nota 37,63;
- Alto Alegre, em Roraima, com nota 38,38;
- Trairão, no Pará, com nota 38,69;
- Bannach, no Pará, com nota 38,89;
- e Jacareacanga, no Pará, com nota 38,92.

O relatório completo sobre a qualidade de vida no Brasil, baseado nos dados apurados pelo IPS, pode ser baixado clicando aqui (em PDF). Dados específicos por município podem ser consultados no site oficial do IPS Brasil, na aba Scorecard.
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