AVISO AOS LEITORES: ao contrário de nossas reportagens, a Coluna de Opinião traz, como o próprio nome já diz, a opinião de quem a escreve sobre fatos concretizados, não representando necessariamente um posicionamento oficial do Podcast Cafezinho com William Lourenço, enquanto veículo de imprensa (emitido somente por meio de nossos Comunicados Oficiais e Editoriais).
Por William Lourenço
Eu sou um são paulino doente e irremediável.
A quem me conhece há muito tempo, isso nem chega a ser uma surpresa.
Neste 25 de janeiro, o clube ao qual torço comemora seus 95 anos de existência. Eu e mais de 20 milhões de pessoas tão apaixonadas quanto.
O coração de cinco pontas e três cores me encontrou em 2004, quando eu estava na festa de aniversário de um primo meu. Perguntei a ele o que era aquele escudo em cima do bolo, que me respondeu:
- É o São Paulo Futebol Clube: o maior time do mundo.
Por incrível que pareça, no ano seguinte, acabou sendo mesmo. E fui seduzido definitivamente por aquelas três cores: vermelho, branco e preto.
A maior parte da minha família é são paulina, o que meio que me influenciou a ser também. Não sou como aqueles obcecados por futebol 24 horas por dia. Só vejo jogo quando tem o São Paulo em campo. Já expliquei no começo desse texto: sou um são paulino doente e irremediável.
Me irritam as derrotas, independente do torneio. Me enojam os outros times, suas cores e tudo mais que venha a representá-los. Me incomoda qualquer um dentro do clube que não entenda onde está e que não faz por onde honrar a camisa tricolor que veste. E, ainda mais, me causa ódio quem se beneficia desta instituição e a trai por algumas moedas.
Pude testemunhar a conquista da Libertadores e do Mundial de 2005, bem como o tricampeonato brasileiro consecutivo, ainda que eu não tenha ido ao estádio. Pois torcedor de verdade não é aquele que marca sua bunda na cadeira do Estádio do Morumbi para bancar uma de influenciador e querer cagar regra, mas sim qualquer um que adotou o São Paulo como seu time, que torce para ele independente do lugar onde está e que quer de coração o melhor para a instituição. Até porque o São Paulo Futebol Clube é tão gigante que não pode mais ser delimitado à cidade de São Paulo.
A comemoração do Leandro Guerreiro em cima do travessão, o passe do Aloísio Chulapa (que me segue no Twitter, inclusive) pro Mineiro fazer o gol do título mundial, o centésimo gol do Rogério Ceni em cima do Corinthians, o Muricy Ramalho batendo no próprio braço e dizendo que "aqui é trabalho", o chutaço certeiro do Rodrigo Nestor, as duas defesas do Rafael na Supercopa contra um rival que vinha em momento melhor, os gols daquele jogo de um só tempo em 2012, o alívio em dizer que era campeão após quase uma década com esse grito sufocado na garganta...
Eu nasci em 1996. Até por isso não testemunhei outros grandes momentos, como a Era Telê (com o Zetti, Müller, Raí e companhia), os Menudos do Morumbi, quando o goleiro era o Waldyr Peres e o artilheiro era o Serginho Chulapa... Mas deve-se sempre agradecer a todos eles por terem feito do São Paulo este grande clube, cada um com sua contribuição.
Porém, eu ainda consegui ver vestindo esta camisa ninguém menos que o Rogério Ceni: goleiro que resolveu fazer gols e se tornou um mito no mundo. Vi grandes jogadores (ao menos pra mim) como o Luizão, Dagoberto, Hernanes, o próprio Aloísio Chulapa, Miranda, Luís Fabiano, Lucas Moura (que está de volta), Amoroso (ainda que tenha passado rápido), Adriano Imperador (que passou pouco tempo também, mas passou bem), o Souza, o Borges, o Hugo, o Mineiro, o Fabão, o Josué... São tantos que nem dá pra colocar todos em um só texto. Fora aqueles que saíram do CT de Cotia e que ganharam o mundo.
Evidente que hoje, o São Paulo poderia estar melhor em todos os aspectos. A diretoria poderia ser mais eficiente e a condição financeira mais favorável. E aqui entra outra coisa que me irrita: os que torcem mais pelo Casares ou por uma organizada do que pela instituição São Paulo Futebol Clube. Como quem foi pioneiro em muita coisa no quesito futebol, incluindo a organização interna e financeira, é inadmissível não ser, dentre os grandes, o primeiro também nesse aspecto.
Só que é nas fases mais complicadas que vemos quem está de fato contigo por amor, respeito e consideração. A torcida, seja de arquibancada ou de rede social, tá lá firme e forte. É também nos tempos difíceis que se moldam os heróis improváveis que trarão os tempos fáceis e mais felizes. Foi assim desde o começo e continuará assim. A moeda não cai em pé pra gente à toa.
Espero, de coração, que os próximos 95 anos sejam ainda mais felizes a esta torcida. Sei que não estarei mais aqui em carne e osso para testemunhar este futuro tão distante, mas uma coisa é certa: o São Paulo Futebol Clube estará lá de pé. E eu, de alguma forma, estarei torcendo por ele. Pois sou e serei um são paulino doente e irremediável.
Vamos, São Paulo!