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| O site do Podcast Cafezinho abre uma raríssima exceção e publica uma Coluna de Opinião que não foi escrita por nenhum de seus administradores. Nela, o autor destrincha os resultados da eleição municipal do último domingo em Buíque e o porquê dele não ser um sinônimo de total derrota da oposição (Foto de Felix Mittermeier para Pexels) |
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Por Kelvin Heriques
Servidor Público do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), Bacharel em Direito pela UPE- Universidade de Pernambuco, Pós-Graduado em Direito Processual Civil pelo Instituto Damásio
O resultado da eleição municipal de 2024 não trouxe surpresas. O grupo liderado por Arquimedes Valença, Túlio Monteiro e Miriam Briano obteve o êxito já esperado, conquistando 55% dos votos válidos. Por outro lado, o grupo Camêlo, que saiu derrotado com 45% dos votos válidos, saiu fortalecido por três fatores:
1. Uma nova liderança se consolidou no grupo;
2. O resultado das eleições foi maior do que o esperado pelo grupo governista;
3. O discurso técnico de Jobson Camêlo o fez se tornar reconhecido até mesmo fora dos limites do Município.
A tradicional família Camêlo, que conta com três ex-prefeitos, arriscava perder a posição de uma das mais influentes famílias políticas da região. A inelegibilidade de Jonas Camêlo e a candidatura em 2020, em que obteve apenas 8.551 votos, aparentava que o grupo Camêlo poderia ter uma derrota acachapante em 2024 ou até perder a liderança da oposição. A partir da união dos vereadores de oposição e a convocação de Jobson Camêlo para a disputa de 2024, deu-se uma sobrevida ao grupo, que a partir de agora tem uma nova liderança elegível e com o apoio do ex-prefeito Jonas Camelo conseguiram um aumento de 52,8% na votação em relação a 2020.
O resultado esperado pelo grupo governista era de uma diferença de mais de 8 mil votos, alguns entusiastas chegavam a cogitar uma diferença de 10 mil votos. O cálculo para isso era simples, 13.434 votos de Arquimedes Valença e 4.883 votos de Miriam Briano totalizam 17.774 votos, enquanto Jonas Camêlo obteve 8.551 votos, com o aumento proporcional do número de eleitores, faziam estimativa que Túlio Monteiro teria mais de 18 mil votos, enquanto Jobson Camelo não alcançaria os 10 mil votos. Além do simples cálculo, Túlio Monteiro já andava o município de Buíque em pré-campanha desde que se elegeu como vice-prefeito em 2020, enquanto Jobson Camêlo ainda precisaria apresentar-se aos eleitores. O resultado do dia 06/10 foi diferente. Túlio Monteiro teve 16.044 votos, uma redução de 9,7% em comparação à soma dos votos de seus dois maiores apoiadores (Arquimedes e Miriam), enquanto o grupo Camêlo conseguiu um aumento de 4.511 votos. O Resultado por distrito foi o seguinte:
DISTRITO | ARQUIMEDES E MIRIAM (2020) | JONAS (2020) | DIFERENÇA (2020) |
BUÍQUE (SEDE) | 10549 | 5107 | 5442 |
CATIMBAU | 1562 | 903 | 659 |
RIACHÃO | 426 | 111 | 315 |
CARNEIRO | 1984 | 544 | 1440 |
SOBRADO | 138 | 14 | 124 |
TANQUE | 660 | 418 | 242 |
SÃO DOMINGOS | 2008 | 1074 | 934 |
AMARO | 447 | 380 | 67 |
TOTAL | 17774 | 8551 | 9223 |
Fonte: Tribunal Superior Eleitoral
DISTRITO | TÚLIO (2024) | EVOLUÇÃO (VERMELHO) | JOBSON (2024) | EVOLUÇÃO (CAMELO) | DIFERENÇA (2024) | EVOLUÇÃO (DIFERENÇA DE VOTOS) |
BUÍQUE (SEDE) | 8670 | -17,8% | 8495 | +66,3% | 175 | -96,8% |
CATIMBAU | 1688 | +8,1% | 1152 | +27,6% | 536 | -18,7% |
RIACHÃO | 363 | -14,8% | 189 | +70,3% | 174 | -44,8% |
CARNEIRO | 1916 | -3,4% | 985 | +81,1% | 931 | -35,3% |
SOBRADO | 166 | +20,3% | 19 | +35,7% | 147 | +18,5% |
TANQUE | 698 | +5,8% | 465 | +11,2% | 233 | -3,7% |
SÃO DOMINGOS | 1984 | -1,2% | 1382 | +28,7% | 602 | -35,5% |
AMARO | 559 | +25,1% | 375 | -1,3% | 184 | +174,6% |
TOTAL | 16044 | -9,7% | 13062 | +52,8% | 2982 | -67,7% |
Fonte: Tribunal Superior Eleitoral
Além do resultado quantitativo, Jobson Camêlo pôde colher os louros qualitativos de sua candidatura. Colocou-se durante toda a campanha como um candidato técnico, que conhece a Administração Pública e que tem expertise para conquistar investimentos públicos oriundos dos governos federal e estadual. Apresentou, também, obras realizadas em outros municípios pernambucanos. Suas entrevistas a jornais, blogs e emissoras de radiodifusão o fizeram alcançar o público de toda a região, sua oratória e sua capacidade de explicar questões técnicas da Administração Pública de forma simplificada o fizeram ser reconhecido mesmo fora dos limites do município de Buíque.
Escolhido às vésperas da campanha para representar o grupo Camêlo, Jobson conseguiu auferir grande sucesso eleitoral, apesar da derrota. Sai fortalecido do pleito, mas alguns questionamentos ficam: até que ponto conseguirá manter-se como o líder da oposição em Buíque e se terá êxito em conquistar mais eleitores para as próximas eleições.