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Túlio Monteiro (MDB), atual vice-prefeito de Buíque, foi eleito como o próximo mandatário do município do agreste pernambucano neste domingo. O candidato da situação, apoiado pelo atual prefeito Arquimedes Valença, obteve 55,12% dos votos válidos. Já seu adversário, Jobson Camelo (Republicanos), conseguiu ainda 44,88%. A diferença entre os candidatos foi de 2.982 votos. A apuração foi totalmente encerrada às 18:40 deste domingo, mas a vitória de Túlio já foi dada como matematicamente definida minutos antes.
Dos mais de 41 mil eleitores aptos a votar em Buíque, 10.360 (ou 24,98% do total) se abstiveram. Ou seja, não foram ao local de votação. Mesmo com somente dois candidatos a Prefeito, 5,19% (ou 1.614 pessoas) preferiram votar nulo e 1,25% (ou 388 pessoas) votaram em branco.
Dos 15 candidatos mais votados a Vereador no município, 11 compõem a coligação Com o Trabalho Buíque segue Avançando (da qual o candidato vencedor faz parte), sendo 6 filiados à Federação PSDB-Cidadania e 5 ao MDB. Aline de André de Toinho (MDB) foi a mais votada, com 1.934 votos. A lista segue com:
- Cidinho de Cícero Salviano (Federação PSDB-Cidadania), com 1.529 votos;
- Peba do Carneiro (MDB), com 1.177 votos;
- Dodó (MDB), com 1.099 votos;
- Peba da Ribeira (Federação PSDB-Cidadania), com 1.073 votos;
- Janice da Saúde (Republicanos), com 1.069 votos;
- Wilson Santana (Federação PSDB-Cidadania), com 1.053 votos;
- Preto Kapinawá (MDB), com 1.020 votos;
- Daidson Amorim (MDB), com 1.015 votos;
- Dascio Junior (Federação PSDB-Cidadania), com 984 votos;
- Edson de Felinho da Serrinha (Progressistas), com 976 votos;
- Val de Dore (Federação PSDB-Cidadania), com 910 votos;
- Michelle Brito (PSB), com 878 votos;
- Tarcizio da Ribeira (Federação PSDB-Cidadania), com 849 votos;
- e Deca de Zé de Napo (PSB), com 824 votos.
A eleição para vereador funciona atualmente pelo sistema proporcional, ou seja, eles só serão considerados eleitos de fato após os cálculos do chamado quociente eleitoral e do quociente partidário. O que significa que a lista oficial com os 15 eleitos não terá, necessariamente, todos os 15 mais votados. Mesmo assim, a coligação do atual vice-prefeito garantiu o maior número de cadeiras na casa legislativa municipal. Por este quociente, foram eleitos vereadores: Aline de André de Toinho, Cidinho de Cícero Salviano, Peba do Carneiro, Dodó, Peba da Ribeira, Janice da Saúde, Wilson Santana, Preto Kapinawá, Daidson Amorim, Dascio Junior, Val de Dore, Michelle Brito, Tarcizio da Ribeira, Weldson de Zé de Né (Republicanos, que não estava entre os 15 mais votados, mas conseguiu atingir o mínimo do quociente partidário) e Salomão Dentista (ou Salomão Galdêncio Barbosa, do PL, que não estava entre os 15 mais votados, mas conseguiu atingir o mínimo do quociente partidário).
Essa lista poderá ser alterada se um deles não puder assumir o mandato, por exemplo, devido a falecimento, renúncia ou mesmo condenação, com decisão transitada em julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, por crime contra a administração pública. Dodó e Salomão Dentista são réus em um processo por improbidade administrativa, em tramitação na Vara Única da Comarca de Buíque (primeira instância).
Ao menos 589 votos destinados a vereadores foram anulados sub judice, por terem sido dados a candidatos cuja condição de inelegibilidade havia sido decretada pela Justiça Eleitoral de Buíque e referendada ou decretada pelas instâncias superiores. Os candidatos nesta condição foram o Enfermeiro Luís Cristiano (PSB) e Anerisvaldo dos Portões (PL). 1.226 pessoas (ou 3,94%) anularam seu voto para vereador e 475 (ou 1,53%) preferiram votar em branco.
SOBRE O CANDIDATO ELEITO
Túlio Henrique Araújo Cavalcanti, ou Túlio Monteiro, tem 32 anos. É filho do empresário Fernando Agente, apoiador de longa data do grupo político de Arquimedes Valença, e sobrinho da ex-vereadora arcoverdense Zirleide Monteiro. Entrou na política em 2020, já de cara como vice-prefeito na chapa encabeçada por Arquimedes, que se sagrou vencedora naquela eleição.
É casado com a atual Secretária Municipal de Meio Ambiente, Thácia Valeriano, e é pai de uma menina.
Em maio do ano passado, seu nome esteve envolvido em uma polêmica junto ao ICMBio, órgão federal que administra o Parque Nacional do Catimbau: é que ele e alguns vereadores da sua base haviam postado nas redes sociais diversos vídeos da perfuração de um poço dentro do território do parque. Perfuração esta que não teve qualquer autorização do órgão, resultando em uma multa de R$ 10 mil à Prefeitura e o embargo do poço por quase cinco meses.
Atualmente, Túlio responde a três representações na Justiça Eleitoral por suposta propaganda eleitoral antecipada: em duas delas, ele já foi multado. Os valores das multas somam R$ 12,5 mil. Ele já recorreu ao Tribunal Superior Eleitoral.
Também há contra Túlio duas Ações de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE) em tramitação na 60ª Zona Eleitoral de Buíque, que haviam sido protocoladas pela coligação de seu adversário, por supostas práticas de abuso de poder econômico e político que teriam sido cometidas por ele e membros de sua base na pré-campanha e até durante a campanha oficial. Em uma delas, o Ministério Público Eleitoral havia emitido parecer à cassação de sua chapa ou diplomação, bem como determinação da sua inelegibilidade por oito anos. Sua vice Miriam Briano, o prefeito Arquimedes Valença e um secretário municipal da atual gestão também foram citados. O Juiz Eleitoral Felipe Marinho dos Santos ainda precisa proferir sentença, acolhendo ou não os pedidos.
SOBRE A VICE ELEITA
A vice de sua chapa será vice-prefeita de Buíque pela quarta vez na história: a terceira somente neste século.
Miriam Briano Alves tem 67 anos. Foi vereadora de Buíque por três vezes e vice-prefeita por outras três vezes, sendo a única a ocupar tais cargos em mandatos de Arquimedes Valença e de seu adversário político, Jonas Camelo Neto.
Foi também três vezes candidata a Prefeita, tendo em 2020 um impressionante número de votos e impedindo que seus ex-aliados pudessem ter uma votação mais ampla. Nessa eleição, inclusive, ela se mostrou bastante crítica tanto às gestões de Arquimedes quanto Jonas, que teve sua candidatura impugnada e se tornou inelegível; e buscou se apresentar como a candidata mais experiente e diferenciada.
O retorno para o grupo de Arquimedes e Túlio em março deste ano jogou um balde de água fria naqueles seus eleitores que esperavam maior protagonismo dela nesta eleição, como uma nova tentativa de candidatura como Prefeita.
Ela também consta como investigada nas duas Ações de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE) que tramitam na 60ª Zona Eleitoral de Buíque contra Túlio Monteiro.