OPINIÃO: O PORQUÊ DE NÃO CONFIAR EM QUALQUER PESQUISA ELEITORAL

 

Nesta Coluna de Opinião, falaremos mais sobre como as pesquisas eleitorais são feitas e os motivos pelos quais este veículo de imprensa não divulga nenhuma delas (nem mesmo as registradas no TSE)

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AVISO AOS LEITORES: ao contrário de nossas reportagens, a Coluna de Opinião traz, como o próprio nome diz, a opinião de quem a escreve sobre fatos concretizados e não reflete necessariamente um posicionamento oficial do Podcast Cafezinho com William Lourenço (trazido somente em seus Editoriais e Comunicados Oficiais).


Por William Lourenço


Foi divulgada nesta segunda-feira, pelo Blog do Nill Júnior, a primeira pesquisa eleitoral registrada no Tribunal Superior Eleitoral sobre as intenções de voto para Prefeito em Buíque, aqui no agreste. A quem quiser ver os resultados, basta ir no site dele. Aqui, eu falarei brevemente sobre como funcionam as pesquisas eleitorais e explicarei o porquê de não confiar nelas.

Esse tipo de pesquisa serve, de forma geral, para dar aos indecisos um direcionamento sobre qual candidato eles devem escolher, baseado em sua porcentagem: se o cara foi escolhido pela maioria dos entrevistados, provavelmente o voto daquele indeciso irá pra ele, pois a tendência é ir junto com quem hipoteticamente está ganhando.

A minha discordância já começa nesse ponto. Aquele que se baseia somente em resultado de pesquisa pra definir voto, além de um imbecil desprendido da própria realidade, é também um preguiçoso contumaz por não buscar avaliar dos candidatos aquilo que eles mais precisam apresentar pra obter votos na eleição: suas propostas e planos de governo.

Existem também os questionáveis critérios para realização dessas pesquisas. Em meus tempos de faculdade, eu cheguei a ter como colega, na rádio em que estagiava, uma funcionária do Datafolha. E ali próximo da eleição presidencial de 2016, a gente conversou um pouco sobre o assunto e ela foi me dando algumas explicações que guardo até hoje.

A tal da amostragem. Aqui, busca-se ter a opinião de uma boa amostra de pessoas dentro do município, levando em conta que vão ser entrevistadas pessoas de todos os distritos ou, ao menos, da maioria deles. Na pesquisa feita em Buíque, foram ouvidas 300 pessoas. Sim, só 300. Quando pegamos o total de eleitores aptos (mais de 41 mil), conclui-se que não foi ouvido nem 1% do eleitorado buiquense. É uma amostragem baixíssima para se buscar chegar a qualquer conclusão próxima da realidade. Dados importantes, como os locais onde esses entrevistados foram ouvidos (claro, sem expor dados sensíveis e pessoais), não constam na divulgação feita pelo blogueiro, o que traz mais questionamentos à credibilidade e desconfiança nos resultados. E se todas essas 300 pessoas tiverem sido ouvidas somente em um distrito? Só na Rebeira? No Carneiro? No Catimbau? Nenhum desses lugares representa sozinho todo o município.

Pode ser que o Túlio Monteiro realmente esteja à frente nas intenções de voto? Sim, pode ser, mas concluir isso por meio de uma pesquisa com amostragem tão pífia e realizada num período tão curto (as entrevistas ocorreram na terça e na quarta da semana passada) é precipitado demais. Isso porque a propaganda eleitoral iniciará somente nesta sexta e, assim espero, tanto ele como o Jobson Camelo serão sabatinados pelo Podcast Cafezinho e demais veículos de imprensa do município para dizer o que querem à frente da Prefeitura a partir de 2025. Pra aí sim, o eleitor ter a cabeça mais feita sobre em quem desejará votar no dia 06 de outubro. E até lá, ambos podem cometer deslizes que nem os maiores puxa-sacos conseguirão blindar.

Como cereja do bolo, ainda foi feita uma pesquisa de avaliação sobre a gestão do atual prefeito Arquimedes Valença, que dará um descanso à cadeira mais importante do município depois de ficar sentado nela por duas décadas.

Eu quase fiz faculdade de Matemática em 2013, se não tivesse escolhido fazer Rádio e TV. Por esse motivo, eu costumo ser muito chato com coisas em que tenho que lidar com números. E essa pesquisa, em especial, me trouxe anomalias de cálculo tão absurdas que vale a pena apresentá-las pra vocês.

Segundo os mesmos 300 entrevistados (menos de 1% do eleitorado buiquense), a gestão de Arquimedes é considerada:

- ótima para 8% (ou seja, 24 pessoas);

- boa para 36% (ou seja, 108 pessoas);

- regular para 30% (ou seja, 90 pessoas);

- ruim para 5,3% (ou seja, 16 pessoas);

- e péssimo para 12,7% (ou seja, 38 pessoas).

Outras 24 pessoas (8%) resolveram não opinar. Guardem bem estes números.

Se 44% destes entrevistados declararam que o governo Arquimedes estava num nível aprovável (ou seja, ótimo ou bom), significa pela lógica que 56% deles não concordavam com isso (quem considerou regular, ruim, péssimo e quem nem quis opinar). Então, como diabos nessa mesma entrevista, afirma-se que 55,7% das pessoas ouvidas aprovam o governo?

Nem mesmo excluindo os que não opinaram, chega-se perto desse resultado: a soma dos que declararam que o governo estava num nível aprovável (ou seja, ótimo ou bom) não chega a 48%.

E se no questionário, houve essas duas perguntas (da aprovação e da classificação do governo por índice), o estatístico cometeu, no mínimo, uma redundância que joga outra vez uma pá de bosta na credibilidade dessa pesquisa. Estes dois resultados não se conversam em hipótese alguma.

É por causa de manobras como essas, que esfregam na cara dos eleitores o quão ignorantes eles são e o quanto eles não têm senso crítico próprio para fazer suas próprias escolhas, fora os interesses escusos dos seus contratantes (mais um fator de questionamento), que o Podcast Cafezinho nunca divulga pesquisas eleitorais. Nem mesmo aquelas com registro no TSE, como é o caso da que foi divulgada hoje.

Só resolvi comentar aqui pra que você, que lê o que sai nesse site há muito tempo, não estranhe o fato de todo mundo estar falando sobre isso, menos aqui. É que isso realmente não nos interessa.

William Lourenço

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