OPINIÃO: A CULPA É DA REBEIRA... OU SERÁ QUE NÃO?

Localidade no Distrito do Gunaumbi é evocada tanto por vermelhos quanto por amarelos como uma "entidade política" que seria capaz de definir eleições municipais em Buíque, no agreste pernambucano. O porquê desse endeusamento ser equivocado é o tema desta Coluna de Opinião



AVISO AOS LEITORES: ao contrário de nossas reportagens, a Coluna de Opinião traz, como o próprio nome diz, a opinião de quem a escreve sobre fatos concretizados e não reflete necessariamente um posicionamento oficial do Podcast Cafezinho com William Lourenço (trazido somente em seus Editoriais e Comunicados Oficiais).


Por João Gabriel Silva (com a colaboração de William Lourenço)


Bem, caro leitor, se você é de Buíque e acompanha a política local, já deve ter se deparado com coisas do tipo: “a Rebeira está chegando”, “a Rebeira vai mostrar quem ganha”, “a Rebeira isso, a Rebeira aquilo......” 
A Rebeira é praticamente tratada como uma entidade viva na política, e como tal só é mencionada de forma sazonal a cada quatro anos. Atrevo-me a dizer que não deve ter muitos projetos realizados no interim eleitoral, mas claro que isso não importa no final: o importante é mostrar de quem é a Rebeira. Ouso dizer, e se a Rebeira não for de ninguém? 
Se ela for mais um local explorado para ganhar votos, onde a população é abandonada à própria sorte, sendo lembrada apenas quando se precisa “mostrar força”? Ora, caros leitores, vocês já devem ter percebido que, nessa eleição, mostrar é mais vantajoso do que fazer ou ter feito algo.
Isso é mais uma prova do atraso em que estamos metidos. As perspectivas não são boas, mas algo é certo: nossos futuros governantes cuidarão de Buíque assim como se mostram nas redes sociais, filmando-se com óculos Julliete, querendo parecer jovens e descolados; porém, no fim, o governo futuro será igual, querendo parecer sem ser.

Complementando o trazido na coluna do meu amigo João Gabriel Silva, a patética e exagerada puxação de saco à Rebeira pelos candidatos a um cargo eletivo em Buíque, como se ali fosse o único lugar do município para se pedir votos, tem como único e óbvio motivo inflar os egos daqueles que por anos se beneficiaram das fartas e convidativas tetas do funcionalismo público buiquense e que por lá vivem. Seja como secretário municipal, vereador ou mesmo prefeito, os populares mais idiotas buscam nessa falsa casta uma orientação sobre qual dos dois lados eles devem escolher serem dominados pelos próximos quatro anos. Não à toa, estes costumam mudar de cor a cada eleição mais do que trocam de meia. E os menos instruídos caem nessa de que "a Rebeira em peso tá com fulano", sendo que só se tratam daqueles que se acham alguma coisa por ter um carro mais ou menos novo na garagem e 5 mil numa conta bancária, e não da população de modo geral.
A Rebeira (embora se escreva Ribeira, mas aqui colocamos o nome assim por conta da forma como os moradores pronunciam) faz parte do Distrito do Guanumbi (o mesmo do qual, neste ano, integrantes dessa classe que se acha importante tentaram passar um plebiscito para pedir seu desmembramento de Buíque, tornando-o um município), distrito este que tem pouco mais de 7 mil habitantes. O Distrito do Carneiro, a título de comparação, tem só 50 habitantes a menos que o Guanumbi inteiro. Qual seria, então, o diferencial deste lugar mágico em relação a todos os outros distritos, sítios e até a zona urbana de Buíque?
Fala-se muito nos criadores de vaca e na exorbitante produção leiteira da região, considerada a maior do estado e até uma das 15 maiores do Brasil. Pouco se vê dessa produção sendo comercializada aqui dentro do município, é fato. Produção que poderia ser muito maior se houvesse, por parte do Poder Público, maior investimento para expandi-la por todo seu território. Só que aqui era pedir demais de quem está à frente do Executivo...
Alguns destes ditos pecuaristas, guiados por seus egos inflados, se lançam em voos mais altos e até conseguem se tornar vereadores, secretários municipais ou prefeitos. Chegando lá, eles passam a tratar os buiquenses no geral assim como seus peões de fazenda: mal e se achando superiores a eles. Travam discussões importantes a todo o município, usam a máquina pública para reprimir, coagir e oprimir cidadãos; dentre tantos outros atos nojentos, nefastos e até impronunciáveis cometidos por décadas e décadas a fio. E estes vestem as camisas das duas cores, viu? E se unem para atrapalhar os outros e o município.
Se dão uma importância muito maior do que eles realmente têm, se acham muito mais importantes e especiais do que realmente são e se ofendem quando não dão aquilo que eles exigem: subserviência e capachismo, como nos tempos do coronelismo. Nem a própria população humilde e trabalhadora de verdade daquela região deve aguentar tamanha falsidade narrativa, e lançam essa mentira sempre quando chega uma eleição municipal.
Talvez, novamente a título de comparação, a Rebeira (e o Guanumbi, no geral) se compare a nível de um município como Buíque com os chamados estados-pêndulo na eleição presidencial dos Estados Unidos: não são nem de longe os maiores colégios eleitorais daquele país, mas os candidatos buscam dar uma importância a eles porque, dada a polarização e rejeição de ambos, pode ser que os eleitores deste estado comprem a ideia (e até se vendam) de qualquer um dos candidatos, na base do tira-teima, a depender do ano do pleito. Para os que sempre votam no automático, a cor que estiver em mais casas será a que terá seus votos. Talvez por isso que este município tenha se lascado tanto e há tanto tempo... Já temos um lugar ao qual culpar. Ou será que não?
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