OPINIÃO: REFLEXÕES DE UM DESILUDIDO (TEXTO FICCIONAL)

O historiador e colunista João Gabriel Silva traz, em sua mais nova Coluna, a história de um personagem ficcional que resolve desabafar sobre o amor e suas decepções (Foto de Designecologist para Pexels)



AVISO AOS LEITORES: ao contrário de nossas reportagens, a Coluna de Opinião traz, como o próprio nome diz, a opinião de quem a escreve sobre fatos concretizados e não reflete necessariamente um posicionamento oficial do Podcast Cafezinho com William Lourenço (trazido somente em seus Editoriais e Comunicados Oficiais). Neste caso, trata-se de uma história ficcional. Qualquer semelhança com fatos reais ou pessoas é pura e mera coincidência.

Por João Gabriel Silva

Ao final do ano, começam as promessas, as juras de mudança, a esperança de uma nova vida, mas porque deixar tudo isso para o final do ano? Por qual motivo não se pode fazer isso no começo ou no meio dele? Deixar para o fim nos coloca em meio a desavenças, desilusões e amarguras que nos atormentam e nos fazem questionar o sentido da vida. 
Vivemos em um tempo em que atitudes e virtudes são deixadas de lado e o mais importante que existe é a aparência estética e, para alguém como eu, isso se torna um tormento, já que não possuo nem um traço que se possa ser aproveitado por aquelas que colocam isso como definidor das relações amorosas. 
Tenho amigos? Sim, tenho! São maravilhosos, porém não suporto a ideia de que, com minha negatividade, seja um empecilho às felicidades dos mesmos. Tenho nelas um pequeno fio de esperança em algo maior que talvez seja possível realizar, mas até quando eles me suportarão? Dúvida cruel essa. 
Gostaria de encontrar o amor. Sou um romântico à moda antiga, mas nos dias atuais isso não vale mais nada. Atualmente, o amor é artificial e sem sentido: não há mais romantismo, há apenas os freudianismos amorosos; não há mais o interesse no outro como um todo. O interesse maior, em muitas das vezes, está naquilo que ele ou ela possui dentro das suas calças. 
No fim, o marquês de Sade estava certo ao antecipar Freud dizendo que "no fim, a única coisa importante nas relações amorosas" seria o sexo. O amor puro e verdadeiro existiu ou apenas nos iludiu? A vida, em suas diversidades, se torna incompreensível no momento em que você descobre que a pessoa mais desregrada e voltada aos prazeres da carne se diz solitária e mal compreendida.
Você se pergunta como que é possível isso, mas há na subjetividade humana algo de encantador e cômico: existe também dualidades entre o falar e o agir.
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