OPINIÃO: O "ARRAIÁ" DA POLÍTICA BUIQUENSE

 

Jobson Camelo, Felinho da Serrinha e Túlio Monteiro são, até o presente momento, os pretensos candidatos a Prefeito no município do agreste pernambucano. Todos eles estão empenhados em marcar mais presença perante seu eleitorado e seus grupos políticos, mas algumas mobilizações estão deixando as coisas mais confusas. E é sobre elas que esta Coluna de Opinião irá tratar (Fotos usadas na arte: Reprodução/ Redes Sociais e Câmara de Vereadores de Buíque)

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AVISO AOS LEITORES: ao contrário de nossas reportagens, a Coluna de Opinião traz, como o próprio nome diz, a opinião de quem a escreve sobre fatos concretizados e não reflete necessariamente um posicionamento oficial do Podcast Cafezinho com William Lourenço (trazido somente em seus Editoriais e Comunicados Oficiais)


Por William Lourenço


Faltam menos de quatro meses para as eleições municipais. Como qualquer cidade do Brasil, Buíque também se prepara para escolher quem substituirá seu atual prefeito.

Arquimedes Valença, enfim, deixará a cadeira que sentou por 20 anos para dar lugar a alguém relativamente novo no município do agreste pernambucano.

Seu pupilo é o atual vice-prefeito Túlio Monteiro. A ele, caberá uma missão que não deixa de ser difícil: construir seu próprio nome dentro do território buiquense, provar que pode dar conta de tamanha responsabilidade sem se escorar na imagem do agora cansado jacaré e tirar a desconfiança de alguns de que é um "forasteiro" que veio pra tomar o município. O que eu, aqui, acho uma palhaçada sem tamanho. Resumir uma campanha a votar em quem é do município e entre quem é, em tese, de fora é chamar o eleitor de burro: como se ele não pudesse analisar outros critérios para escolher em quem votar.

No lado oposto está Jobson Camelo. De sobrenome exaustivamente conhecido no meio político buiquense, ele busca se apresentar como aquele que, de fato, sabe como solucionar alguns dos problemas mais crônicos que os buiquenses enfrentam há anos. Problemas que, por exemplo, seu irmão Jonas não conseguiu resolver em seus dois mandatos. Aliás, há um grande esforço dele em tirar a desconfiança daqueles que não tem tanto carinho ou respeito por seu irmão e mostrar que, caso venha a ser prefeito, será o Jobson a pegar a caneta e dar as ordens.

E correndo meio que discretamente no meio, está Felinho da Serrinha. O atual Presidente da Câmara de Vereadores anunciou sua pré-candidatura em abril, numa entrevista onde evitou fazer críticas contundentes às gestões de Arquimedes e Jonas (das quais ele participou como vereador), mas não descartou completamente uma parceria com Jobson, nem se conteve em demonstrar seu descontentamento com o nome de Túlio.

Agora falando das mobilizações que destaquei na introdução desta Coluna, muito se tem falado sobre as ditas lideranças políticas que entram e saem de tais grupos, como se a votação em 06 de outubro dependesse exclusivamente delas. É óbvio que o nome de alguém mais experiente ajuda a alavancar uma pré-candidatura ou mesmo uma candidatura já oficializada, mas por estarmos em Buíque (um município que, infelizmente, deve-se tabelar sempre as coisas por baixo), esses nomes mais experientes têm pouco peso, dado a baixa contribuição para a sociedade, seja no aspecto Legislativo ou Executivo. E quando comparados a gestores dos municípios vizinhos, aí é que se tem maior dimensão do quanto seus feitos foram super inflacionados. Porém isso ocorre aqui desde 1854, então pra combater esse pensamento retardatário vai levar mais tempo.

O aspecto moral, tanto daqueles que visam concorrer a um cargo eletivo quanto daqueles que irão apoiar um destes candidatos, tem um peso, a meu ver, ainda maior na análise dos pretensos candidatos por parte dos eleitores. E quando determinado lado político resolve usar como estratégia de campanha ou pré-campanha a desmoralização do adversário por si só, esse que ataca fica mais enfraquecido do que quem é atacado.

O fato de Miriam Briano, ex-vice-prefeita em mandatos de Arquimedes e Jonas, e que havia adotado uma postura crítica a ambos, ter desistido de se lançar como pré-candidata a Prefeita e declarado apoio a Túlio Monteiro foi visto como uma traição por aqueles que depositaram seu voto nela em 2020. Coisas assim, as pessoas costumam não esquecer. Especificamente e principalmente em tempo de eleição...

Nesta semana, foi informada a saída de Modézio e sua esposa Corina do grupo de Jobson Camelo e até da vida política por tempo indeterminado. Modézio havia sido candidato a vice na chapa de Jonas nas eleições de 2020, e Corina havia sido eleita vereadora com a segunda maior votação do município. Embora participantes da vida política buiquense por anos, eles já não vinham com a mesma relevância e poder de decisão de antes: Modézio se afastou após a inelegibilidade de Jonas (outros dizem que existem mais motivos escusos, porém como eu não gosto de boatos, quem tiver como provar que se vire)  e Corina renunciou a seu mandato em 2022, deixando seu eleitorado irritado por ter feito isso sem maiores explicações.

Aliás, pode ser graças a Corina que a futura candidatura de Felinho da Serrinha a Prefeito esteja em risco. Foi trazido aqui mesmo neste site, no mês de fevereiro, que o Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco o multou em mais de R$ 10 mil por causa de um processo de gestão fiscal referente ao ano de 2022 na Câmara de Vereadores. Na defesa enviada ao TCE à época, o vereador disse que a culpa do não fornecimento de algumas informações obrigatórias, segundo a Lei de Acesso à Informação, era de sua antecessora na Presidência da Câmara: adivinhem quem? Um processo foi movido contra Corina para que ela fosse obrigada a fornecer tais informações, mas a própria Câmara (já sob a presidência de Felinho) desistiu de seguir com o processo e ele foi arquivado. Por causa disso, o TCE entendeu que ele já tinha recebido as tais informações obrigatórias que faltavam, mas não as enviou ao órgão, e o multou.

E onde entra o risco? Os Tribunais de Contas dos Estados elaboram uma lista com todos os gestores (sejam prefeitos ou mesmo Presidentes de Câmaras de Vereadores) que tiveram suas contas julgadas irregulares em auditorias e prestações de contas e as enviam à Justiça Eleitoral (sempre em ano eleitoral) para informar que aqueles devem ser considerados inelegíveis, segundo a Lei da Ficha Limpa. Essa lista será enviada até o dia 15 de agosto. Felinho não só não pagou a multa aplicada pelo TCE, como resolveu não recorrer dentro do prazo. Ou seja, sua assessoria jurídica comeu uma mosca gigantesca aqui e o julgamento do processo de gestão fiscal transitou em julgado no dia 30 de abril: tornou-se irrecorrível. O nome de Felinho, possivelmente, aparecerá na lista de gestores com contas irregulares a ser enviada para a Justiça Eleitoral em agosto e ele ficará inelegível até fevereiro de 2032. Confirmada essa possibilidade, o caminho mais natural será entrar como apoiador de Jobson Camelo. Não como candidato a vice dele, como alguns já ousam mentir. O que pode, ou não, ser uma boa. Enfim, como isso afetará a já bagunçada definição dos candidatos a serem anunciados em agosto ninguém sabe.

Nesse "arraiá" da política de Buíque, até o primeiro dia de janeiro de 2025, muita gente vai pular fogueira, vai acender a fogueira e, principalmente, vai se queimar nela. Resta a nós acompanhar.

William Lourenço

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