Estudo reforça a importância do mineral na gestação e propõe novas dosagens para ajudar a afastar a perigosa condição que pode prejudicar a gestante e o bebê |
AVISO: o conteúdo a seguir foi produzido pela Agência Einstein, ligada ao Hospital Israelita Albert Einstein, e publicado pelo site do Podcast Cafezinho com autorização |
Por Regina Célia Pereira, da Agência Einstein
O suplemento de cálcio na gestação é um grande aliado na prevenção da pré-eclâmpsia, uma condição grave relacionada com o aumento da pressão arterial de grávidas, que põe em risco a vida da mãe e do feto. As diretrizes, inclusive a da Organização Mundial da Saúde (OMS), recomendam a suplementação de até 2.000 miligramas do mineral por dia, sobretudo para mulheres que apresentam um baixo consumo das fontes alimentares de cálcio e para as que têm mais fatores de risco para o problema.
Agora, um novo estudo, publicado no periódico científico The New England Journal of Medicine, mostra que dosagens menores, de 500 miligramas, podem ser eficazes para a redução do risco da pré-eclâmpsia. Para chegar a essa conclusão, os estudiosos, de universidades da Índia, da Tanzânia e dos Estados Unidos, avaliaram dois grupos, com 11 mil grávidas, cada um, entre 2018 e 2022.
Os pesquisadores enfatizam que a alteração nas doses pode economizar em custos de programas de saúde pública e ainda favorecer a adesão das gestantes, já que a ideia é diminuir a quantidade de comprimidos de suplemento ingeridos diariamente.
“O cálcio participa da regulação das contrações dos vasos”, explica o ginecologista e obstetra Rômulo Negrini, coordenador médico da obstetrícia e medicina fetal do Hospital Israelita Albert Einstein. O suplemento contribui, portanto, para o fluxo sanguíneo, afastando a hipertensão.
Além da pressão arterial elevada – maior que 140 mmHg por 90 mmHg –, os exames da gestante mostram também a presença de proteína na urina, a chamada proteinúria. Como é uma condição associada à inflamação, o funcionamento de órgãos como o fígado e os rins pode ser prejudicado. A pré-eclâmpsia normalmente é diagnosticada por volta da 20ª semana de gestação e acomete entre 1,5 e 16,7% das gestações no mundo, segundo informações do protocolo de 2023 da Rede Brasileira de Estudos sobre Hipertensão na Gravidez. Ela é uma das principais causas de prematuridade e de morte materna.
Fatores de risco
“Entre os fatores de risco estão a obesidade, a gravidez múltipla, a hipertensão arterial crônica antes da gestação, a fertilização in vitro, o diabetes, as doenças autoimunes, caso do lúpus, e outros distúrbios”, destaca o ginecologista e obstetra do Einstein.
A vigilância redobrada durante o pré-natal contribui para evitar desfechos ruins e a evolução para a eclâmpsia, um mal que desencadeia convulsões e até lesões cerebrais.
Além do monitoramento, por meio de diversos tipos de exame, do bebê e da placenta – que também pode ter sua função prejudicada –, em todas as consultas, o médico precisa medir a pressão arterial da gestante. Para as grávidas com o risco aumentado, há a recomendação de ácido acetilsalicílico e a indicação de suplemento de cálcio ao longo da gravidez.
Vale salientar que é importante consumir outras fontes de cálcio (como leite e seus derivados), pescados (como a sardinha), tofu e vegetais folhosos (caso da couve e do repolho, que são excelentes fornecedores). Além da dieta equilibrada, a gestante deve ter boas horas de sono e praticar atividades físicas. “Dentro das possibilidades, com uma orientação individualizada, a prática física é uma estratégia muito eficaz na diminuição do risco da pré-eclâmpsia”, conclui Negrini.
Fonte: Agência Einstein