OPINIÃO: BUÍQUE, O "MUSEU DE GRANDES NOVIDADES"

 

Adesão de Miriam Briano ao grupo do atual vice-prefeito e pré-candidato à prefeitura do município do agreste pernambucano põe em xeque uma opção alternativa a Túlio Monteiro e Jobson Camelo na eleição: o que, no fim das contas, não surpreendeu ninguém (Foto: Divulgação/ Redes Sociais)

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Por William Lourenço


Faltando pouco menos de sete meses para as eleições municipais e exatas três semanas para o início das movimentações referentes aos registros de candidatura, o vice-prefeito de Buíque anunciou em suas redes sociais que Miriam Briano se juntou ao grupo político que o auxiliará em sua candidatura a prefeito. Havia uma expectativa para que ela, que já foi vice-prefeita em três ocasiões e se candidatou à prefeitura em 2020 com obtenção considerável de votos, se decidisse sobre se iria se lançar candidata de novo ou declarar apoio a um dos pré-candidatos que já haviam se lançado: Túlio Monteiro ou Jobson Camelo. Decidiu apoiar o primeiro, muito também por sua proximidade com Arquimedes Valença, o atual prefeito. Proximidade esta que vem desde seus tempos de vereadora lá no século passado, e que se intensificou entre 2001 e 2008, quando Miriam foi vice-prefeita enquanto Arquimedes chefiava Buíque. Tanto é que em 2008, ela se lançou candidata a prefeita pela primeira vez com o apoio do então prefeito, mas perdeu naquela ocasião para Jonas Camelo.

Em 2012, se distanciou do reduto vermelho e saiu como vice na chapa de Jonas Camelo, que venceu aquela eleição. Tentou sair como candidata a prefeita novamente em 2016, apoiada por Jonas, mas perdeu a disputa para seu amigo com nome de filósofo.

Na eleição de 2020, Miriam resolveu lançar-se novamente como candidata a prefeita, tentando mostrar durante sua campanha que sua experiência na vida pública enfim a qualificava para tal posto. O páreo era duro, pois teria de enfrentar aqueles que haviam sido seus parceiros em outras disputas. Mesmo não vencendo a eleição, ela ainda saiu por cima pela boa votação recebida e pela inelegibilidade de Jonas.

Em 2024, no entanto, Miriam resolveu não tentar mais a prefeitura. Ao menos, não como a chefe do Executivo buiquense. Embora não tenha sido declarado de forma oficial, é provável que ela esteja no grupo de Túlio como sua candidata a vice. O que, se vier mesmo a ocorrer, escancara um declínio e até um retrocesso em sua trajetória política.

A eleição municipal poderia trazer um pouco mais de emoção e de suspense se ela se lançasse como candidata, numa espécie de alternativa a Túlio e a Jobson. É fato. E ela poderia até conseguir a tão sonhada cadeira da Prefeitura nesta ocasião: a mais oportuna para suas ambições.

Pode ser até que, e aqui não passa de mero chutômetro meu, o grupo de vermelho reconsidere sua decisão e a ponha como titular na candidatura, com o Túlio de vice (já que ele só acumula um mandato de vice-prefeito e não tem um nome próprio tão forte por si só). Seria até uma forma inteligente de poupar a imagem dele, desgastada por muitos erros da atual gestão.

O provável adversário ainda tem muito a crescer e a apresentar para o eleitorado, é verdade, mas dado o atual cenário, apostar em uma vitória tranquila da situação pode ser sinônimo de derrota em outubro.

A saída de Miriam Briano da disputa mostra que, mesmo com todo seu tempo de serviço público, ela jamais estará pronta para sair de sua zona de conforto: ser vice, independente da cor da camisa do sujeito. É muito mais seguro ser coadjuvante, o que é uma pena.

E mais uma vez, a disputa eleitoral em Buíque (perto dos seus 170 anos de mesmices, a serem completados em maio) ficará entre vermelho e amarelo. Jacaré contra camelo. A permanente dança das cadeiras entre os mesmos participantes. O famigerado "nós contra eles" deste bendito ninho de cobras.

William Lourenço

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