NOTA AOS LEITORES: ao contrário das nossas reportagens, a Coluna de Opinião traz (como diz o próprio título) uma opinião de quem a escreve, baseado em informações apuradas e oficiais.
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Por William Lourenço
Neste fim de semana, os moradores de Buíque, no agreste de Pernambuco, receberam a confirmação daquilo que já era previsível: o ex-prefeito Jonas Camelo não se candidatará nas eleições de outubro. Quem vem acompanhando as notícias relacionadas à política local, sobretudo o que foi publicado neste site nos últimos meses, sabia que sua situação jurídica não o deixaria ter uma campanha tranquila. Muito menos uma garantia de que, sendo candidato, seria eleito. De que, se eleito fosse, assumisse o mandato. Ou de que, conseguindo assumir o mandato, o concluísse sem que o Tribunal Regional Eleitoral o impugnasse de novo (como ocorreu com sua candidatura em 2020).
Para evitar um desgaste ainda maior de sua imagem e reputação política (muito provavelmente também aconselhado pelos seus advogados e seus pares), ele, que é neto e filho de ex-prefeitos e que esteve de 2009 a 2016 no comando do município, resolveu dar lugar a outro nome para a disputa deste ano: o de seu irmão, Jobson.
Engenheiro formado, Jobson Camelo dos Santos tem 36 anos e já foi Secretário Municipal de Planejamento nas gestões de Jonas em Buíque. Também atua como consultor técnico de obras e convênios públicos. Embora carregue um sobrenome que há 65 anos aparece com bastante destaque no cenário político local (o que, confesso, já comentei ter ressalvas), ele se mostra ser discreto e objetivo naquilo que propõe.
Do lado vermelho da força, Arquimedes Valença está na contagem regressiva pra deixar a vida pública após mais de 40 anos, tendo acumulado um mandato como vice-prefeito e cinco como prefeito. Ao contrário do seu adversário, sua planejada sucessão não se dará a um familiar, mas sim a um apadrinhado político relativamente jovem também.
Túlio Henrique Araújo Cavalcanti, ou Túlio Monteiro, tem 32 anos. Filho do notório empresário Fernando Agente e sobrinho de Zirleide Monteiro (aquela que renunciou ao mandato de vereadora em Arcoverde no ano passado), é o atual vice-prefeito do município e o mais cotado a herdar a liderança da cor vermelha em Buíque de seu tutor, que fará 77 anos em abril. O desafio dele é justamente o de se apresentar mais ao eleitorado como um nome viável e confiável por si só, e não somente pela ligação com Arquimedes ou mesmo com seu pai. Neste mês, aliás, Túlio passou a intensificar sua presença em toda e qualquer obra pública da Prefeitura e em festividades locais com seu patrocínio, acompanhado, claro, de vereadores da situação e de figuras públicas que estão visando entrar ou voltar à Câmara em 06 de outubro.
E já neste domingo, conforme apurado pelo radialista Ricardo Resende, da Rede Vale, outro nome confirmou sua intenção de pré-candidatura à Prefeitura: Miriam Briano Alves, de 67 anos.
Embora tenha tido diversas funções públicas no decorrer de sua vida (tais como vereadora, Secretária Municipal de Obras e vice-prefeita em três oportunidades), ela ainda busca se sentar na cadeira mais importante do Executivo buiquense pela primeira vez. Nas eleições de 2020, obteve uma votação expressiva ao enfrentar Jonas e Arquimedes, políticos com os quais ela já trabalhou e que já a apoiaram em outras campanhas eleitorais.
Ainda que não seja do jeito que muitos esperavam, a eleição municipal em Buíque terá mudanças significativas em 2024. Sobretudo, nos rostos a serem apresentados aos mais de 39 mil eleitores. Pesará positivamente também o fato de nenhum dos pré-candidatos, até este momento, responder ou ter sido condenado judicialmente em qualquer processo por improbidade administrativa, e de todos eles buscarem seu primeiro mandato como Prefeito ou Prefeita. Há, pelo menos, 40 anos, isso não acontecia no município.
Espera-se, também, que as campanhas eleitorais recorram cada vez menos a métodos apelativos e difamatórios contra outros candidatos. Existe um esforço visível, ainda que de forma sutil, por parte deles em tentar buscar mostrar trabalho e o mínimo de boas propostas a serem aplicadas no município, que completará 170 anos em maio e figura entre diversos indicadores negativos do Brasil há muito tempo.
Os desafios que eu vejo para cada um destes pré-candidatos são os seguintes: no caso do Túlio, seu grande desafio será mostrar ao eleitorado mais desconfiado que ele terá capacidade, autonomia e competência suficientes para gerir Buíque de uma forma completamente diferente do que Arquimedes fez (e com uma renovação completa também em seu futuro secretariado, se vier a se eleger). Que tem boas propostas de governo e que elas podem ser aplicadas na prática. E, principalmente, que quando for eleito, o prefeito será de fato ele.
No caso do Jobson, mesma coisa. Ainda que tenha um sobrenome influente e um irmão que conseguiu concentrar um bom eleitorado dentro de Buíque, seu principal desafio será o de demonstrar ao eleitorado, sobretudo ao mais desconfiado, que ele poderá assumir tamanho cargo e dar conta por si só, sem interferência alguma de Jonas em seu mandato.
E no caso de Miriam, por já ter uma trajetória política longa, ela precisará apresentar novidades aos eleitores em suas propostas, no diálogo com seus eleitores e colocar na cabeça deles que suas experiências já a qualificam para a Prefeitura, independente de apoio político.
Veremos se tais nomes se manterão até agosto, que é quando a campanha começará pra valer. Até lá, outros nomes podem surgir. E aqueles que tentarão se manter em seus cargos, independente de quais sejam, podem ser surpreendentemente substituídos. É uma possibilidade. Afinal, há uma primeira vez para tudo...