Integrantes da Cultura temendo ficar sem verba alguma, eleição municipal chegando com quase nenhuma novidade no sentido de candidatos à disposição, além da despedida de Arquimedes Valença da vida pública... O que esperar do município do agreste pernambucano é o tema da nossa primeira publicação de 2024 (Foto de Pixabay para Pexels) |
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NOTA AOS LEITORES: ao contrário das nossas reportagens, a Coluna de Opinião traz (como diz o próprio título) uma opinião de quem a escreve, baseado em informações apuradas e oficiais.
Por William Lourenço
Fala, pessoal. Tudo em ordem? Feliz 2024 desde já pra vocês.
Bom, depois de duas semanas longe de qualquer coisa relacionada ao Podcast Cafezinho (principalmente de política), chegou a hora de voltar ao trabalho. Eu havia prometido uma reportagem neste dia 08 de janeiro, só que com o tanto de fato novo que me chegou relacionado a Buíque, achei melhor escrever uma Coluna de Opinião mesmo: até pra não cansá-los.
O ano começou tenso para os integrantes da Cultura no município do agreste pernambucano. Isso porque o orçamento enviado pelo prefeito Arquimedes Valença e aprovado pela Câmara de Vereadores no mês passado prevê um orçamento total de mais de R$ 232 milhões (40 milhões a mais que o de 2023), sendo pouco mais de 4 milhões destes para a pasta atualmente chefiada por Esildo Barros.
Só que a tensão vem no fato a seguir: dentro do orçamento, ficou aprovado o remanejamento de até metade do valor a ser arrecadado pelo município (R$ 116 milhões) de qualquer pasta para atender as demandas daquelas consideradas mais importantes, como se fossem créditos suplementares. O dinheiro inicialmente orçado para a Cultura pode ser totalmente remanejado pra outra secretaria ao decorrer deste ano.
Houve o apelo de alguns agentes culturais buiquenses perante os vereadores para que estes 4 milhões ficassem protegidos de qualquer manobra ou desvio. Cinco vereadores ainda votaram em favor a uma emenda proposta por esses artistas locais. Os outros nove não.
Um texto foi escrito por este pessoal, entregue a alguns vereadores e chegou até a nos ser enviado enquanto eu estava de férias, com um pedido para que ele fosse publicado no site como uma reportagem. Como não se tratava de um texto de autoria minha ou do meu sócio (únicos autorizados a escrever qualquer coisa neste site), bem como seu teor também continha frases que poderiam caracterizar condutas difamatórias contra as filhas do atual prefeito que são atualmente secretárias municipais, decidi por utilizar como base somente as partes que, de alguma forma, fossem interessantes ao interesse público e que tivessem algum fato jornalístico a ser apurado. Acredito que se deva haver bom senso para se fazer qualquer crítica no que diz respeito aos atos de interesse público, diferente de como agem outros colegas de profissão.
A Festa da Juventude, realizada em agosto do ano passado, também gerou revolta entre os membros da Cultura buiquense pelos altos valores gastos, em especial, com dois artistas: Raphaela Santos e Tarcísio do Acordeon. Nesta época, estava em vigor o Decreto Nº 8 (o polêmico do corte de gastos que cancelou o carnaval por falta de dinheiro no caixa). Um dia antes do evento, o prefeito Arquimedes Valença revogou dois artigos deste decreto: coincidentemente, aqueles que tratavam justamente da suspensão de festividades com verba pública.
O artigo 3º falava com bastante clareza da suspensão de qualquer festividade com verba pública no município, enquanto o artigo 14º suspendia as férias, gratificações, licenças-prêmio e outros benefícios dos servidores públicos concursados e comissionados. Esta revogação precisou ser feita, pois se a festa ocorresse com o artigo 3º em vigor, Arquimedes seria processado por improbidade administrativa; e no caso do artigo 14º, as concessões de certas gratificações são obrigatórias por lei federal. O Decreto Nº 80, assinado em novembro do ano passado e que está em vigor, trouxe de volta o mesmo texto do decreto de janeiro de 2023. Ou seja: festas e gratificações estão suspensas até segunda ordem.
Mas voltando aos artistas da Festa da Juventude, a Prefeitura de Buíque pagou ao cantor Tarcísio do Acordeon um cachê modesto de R$ 300 mil, enquanto que Raphaela Santos recebeu R$ 120 mil. Estes valores foram divulgados na edição do Diário Oficial dos Municípios do Estado de Pernambuco, do dia 28 de julho do ano passado. Estranhamente, não se sabe quanto custou os cachês de Netinho Souza e Grandão Vaqueiro (os outros dois artistas que se apresentaram neste evento).
Imagem: Reprodução/ Assessoria de Comunicação Social da Prefeitura de Buíque |
Imagem: Reprodução/ Diário Oficial dos Municípios do Estado de Pernambuco |
Imagem: Reprodução/ Diário Oficial dos Municípios do Estado de Pernambuco |
O único grande repasse feito aos artistas buiquenses em 2023 foi, de fato, o da Lei Paulo Gustavo. E ainda foi feito com atraso, pois como a própria Secretaria de Turismo, Lazer, Cultura e Esporte havia divulgado, ela precisou analisar algumas denúncias de possíveis irregularidades que haviam sido cometidas por alguns inscritos nos editais. Há a expectativa de novos repasses federais neste ano, bem como o temor de que estes recursos sejam, de alguma forma, suprimidos pela administração municipal.
A Assessoria de Comunicação Social da Prefeitura de Buíque foi contatada para que pudesse dar alguma explicação ou se manifestasse oficialmente para este site acerca das reclamações feitas pelos integrantes da Cultura (inclusive o tal texto foi repassado a eles para que lessem e apresentassem suas contra argumentações). Pra variar, até o momento em que esta Coluna estava sendo escrita, não houve qualquer retorno.
Mudando um pouco de assunto, 2024 também marca os 170 anos de emancipação política de Buíque (que, em muitos aspectos, ainda parece estar mesmo em 1854), uma nova eleição municipal e o último ano de Arquimedes Valença na vida pública. Prestes a fazer seus 77 anos em abril, ele na verdade nasceu na Pedra. Seria então Arquimedes um forasteiro, como alguns vereadores tanto dizem sobre, por exemplo, o atual vice-prefeito Túlio Monteiro?
Em 1982, lançou-se na vida pública buiquense como candidato a vice-prefeito na chapa liderada por Zé Camelo. Eles foram eleitos, possibilitando àquele, que era razoavelmente conhecido como um grande produtor de leite, a alçar voos mais altos e conquistar sua primeira eleição a Prefeito em 1989. A primeira de cinco, tendo retornado ao posto em 2001, 2005, 2017 e 2021. Entre 2009 e 2016, Arquimedes viu Jonas Camelo Neto (filho de seu então amigo Zé, falecido em 2006) ser eleito e, assim, se tornar seu adversário eleitoral. Vale repetir aqui a palavra adversário, pois ambos nunca foram inimigos declarados. Ao contrário: tenho a estranha sensação de que eles sejam até parentes, mas tal impressão pra mim se dá pela cordialidade que vejo de ambos. Cordialidade que eu, por exemplo, só teria com alguém da minha própria família.
Em 20 anos comandando Buíque, Arquimedes deixou o município crescer muito pouco. E, ainda assim, de forma muito desigual. Seja na educação, saúde, segurança e qualquer outra área que você possa pensar, ainda que a produção de bens e serviços seja milionária, bem como a arrecadação anual de impostos e recursos federais, o município ainda figura entre os mais pobres do estado e até do país. O saldo político e administrativo dele é negativo (dado também os diversos processos que respondeu na Justiça pelos atos considerados ímprobos para o Ministério Público de Pernambuco nestes mandatos), pois se conclui que só conseguiu chegar cinco vezes ao cargo mais importante do Executivo buiquense iludindo os habitantes com festas caras (o famoso pão e circo) e promovendo como grandes feitos obras triviais e até fúteis, seja por meios oficiais da própria Prefeitura ou por publicações pagas para blogueiros de situação. Tal fórmula, aliás, é aplicada por vários prefeitos neste imenso Brasil há muitos anos.
Neste ano haverá mais uma eleição municipal. Seu atual vice-prefeito, Túlio Monteiro, é cotado como provável candidato que receberá seu apoio para sucedê-lo. Jonas, seu opositor, ainda busca se livrar dos diversos processos que tramitam contra ele na Justiça dos tempos em que era prefeito (muitos deles são por causa de contratos firmados por Arquimedes, que o antecedeu na Prefeitura, com o Governo Federal para obras que nunca foram concluídas) para tentar voltar ao jogo e à cadeira de Prefeito. Dizem que a disputa ficará somente entre estes dois, embora possam surgir outros candidatos, como Miriam Briano (que esteve nos dois lados e que concentrou boa votação em 2020), mas é só a partir de 6 de abril que vai começar pra valer a brincadeira, então nem vale a pena falar muito sobre isso agora.
Enfim, 2024 chegou e o Podcast Cafezinho está de volta: fazendo o mesmo trabalho imparcial desde 2020, mas parecendo ser algo novo a um público que antes só via os mesmos perfis, blogs e sites com político preferido.
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