De vereadora que falou o que não devia na cidade vizinha até prefeito cortando dinheiro que diz não ter, o ano foi de muita informação bombástica por aqui. |
Encerrando nossa série de reportagens especiais com a Retrospectiva do site do Podcast Cafezinho, traremos aqui um resumo de tudo aquilo que gerou informação, opinião, variedades e, de certa forma, entretenimento em Buíque e região no ano de 2023.
De cara, a primeira grande notícia do ano foi a assinatura do Decreto Nº 08 pelo prefeito Arquimedes Valença, cortando em tese alguns gastos da administração pública e suspendendo festividades, como o Carnaval do município do agreste pernambucano. Foi justamente o cancelamento da festa que deixou a população furiosa com o gestor, que passou a aparecer cada vez menos em público, numa espécie de "passada de bastão" a seu atual vice, Túlio Monteiro, já visando as eleições municipais do ano que vem.
A Prefeitura, como faz todo ano, usou como justificativa a queda brusca nos repasses do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), que haviam sido reduzidos por conta de uma decisão do Tribunal de Contas da União do ano anterior. No fim de janeiro, o Supremo Tribunal Federal havia suspendido os efeitos dessa decisão normativa, mantendo os pagamentos em seus valores atuais; e em julho, o TCU publicou nova decisão normativa anulando a de dezembro. Nesse mês, aliás, ainda teve um pagamento extra desse fundo. E por mais que em agosto, o valor comparado com o mesmo mês do ano passado tenha reduzido de fato, os repasses do FPM até o fim desse ano poderão ser no mesmo nível de 2022, graças a outras compensações feitas pelo Governo Federal. E o FPM não é a única fonte de recursos enviada ao município.
O decreto de corte de gastos de Buíque foi tão mal visto que nem os secretários municipais o cumpriram, como foi trazido aqui em abril. A tradicional festa de aniversário do município, em 12 de maio, não foi feita. Festas juninas passaram em branco mais uma vez. Diversos processos no Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco, incluindo a declaração de ilegalidade da seleção simplificada de 2021 por conta das despesas de pessoal muito acima da lei, além de um novo decreto de corte de gastos em novembro com o mesmo texto daquele de janeiro deixou o clima no Poder Executivo buiquense mais tenso do que o normal, a um ano da despedida de Arquimedes depois de mais de 40 anos de carreira política, tendo um mandato como vice-prefeito e cinco mandatos como prefeito. Ah, e ele ainda teve que lidar com um desfalque importante em seu secretariado: Marilan Belisário, que deixou o posto da Educação em agosto.
O Poder Legislativo buiquense também teve seus momentos de tensão em 2023: os atritos públicos entre alguns vereadores e o vice-prefeito Túlio Monteiro (um deles envolveu um poço escavado no Parque Nacional do Catimbau), entre a vereadora Maria Clara e a Prefeitura por causa dos decretos de corte de gastos, entre a Presidente do SISAR Moxotó e o vereador Elson Francisco (onde a Assessoria Jurídica da Câmara havia prometido entrar com processo na Justiça), e mais recentemente, o fato do prefeito ignorar a análise de um projeto de lei que implementa a Política Municipal de Atendimento Integrado à Pessoa com Transtorno do Espectro Autista. Por causa disso, o Presidente da Câmara teve que usar, pela primeira vez, o recurso da sanção tácita em Buíque. E, para não perder o costume, a questionável distribuição de títulos de cidadania: um deles, a um ex-assessor processado por participar de desvios de recursos da própria Câmara de Vereadores.
Felinho da Serrinha, aliás, chegou a ser multado pelo Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco após omitir informações da casa legislativa de um sistema de acompanhamento da gestão dos recursos (SAGRES), obrigatório para os gestores públicos.
Buíque esteve em destaque no estado neste ano, é fato, mas por motivos que causam vergonha: o descaso do transporte escolar municipal, uma das piores rendas médias populacionais do Brasil, a multa aplicada pelo ICMBio no poço escavado no Catimbau, a posição preocupante do município na Blitz da Vacinação do TCE, a lamentável situação da educação infantil buiquense e ainda a igualmente preocupante situação do abastecimento de água.
No entanto, Arcoverde, cidade vizinha e localizada no Sertão, acabou recebendo os olhos do país inteiro por causa da fala infeliz de Zirleide Monteiro no Plenário da Câmara de Vereadores contra um portador do Transtorno do Espectro Autista. Essa fala gerou a ela um processo de cassação de mandato, obrigando-a a renunciar de seu mandato e a ficar inelegível no município pelos próximos oito anos.
Que ano, hein?
E não percam nesta segunda-feira, às 9 da noite, exclusivamente em nosso canal no YouTube, a transmissão da Retrospectiva 2023 do Podcast Cafezinho. O Especial será apresentado pelo jornalista William Lourenço, encerrando com chave de ouro nossas atividades em 2023.