OPINIÃO: DEIXE A CADA DIA O SEU MAL

 

Apoiadores de diversos políticos de Buíque querem, de todas as formas e por todas as plataformas possíveis, antecipar uma campanha eleitoral e dividir desde já os habitantes do município do agreste pernambucano. Inspirado em um trecho bíblico, a Coluna de Opinião falará desta vez do porquê se preocupar com isso apenas em 2024.

PUBLICIDADE: Use nosso cupom e garanta até 55% de desconto este mês no Clube Samsung. Clique aqui e saiba mais


LEIA TAMBÉM: Exclusivo- TRF-5 julgará mais um processo de improbidade administrativa contra Jonas Camelo


Por William Lourenço


"Deixe a cada dia o seu mal".

Quem acredita e confia no que a Bíblia diz, já se deparou com esta frase, especificamente em Mateus 6:34. O curioso é que, num mundo e num tempo onde cada vez mais pessoas se mostram ansiosas e tensas com situações que ainda nem se concretizaram, ela se torna um conselho valiosíssimo.

Trazendo isso para o cenário onde atuo (ou seja, o jornalístico), existe uma ansiedade por parte daqueles que dependem do caos político que só vemos a cada quatro anos para sobreviver e submergir das profundezas da irrelevância onde estavam entocados (e que, a depender do indivíduo, deveria permanecer por lá pra sempre). E isso é no país inteiro, mas por morar e ter este humilde trabalho situado em Buíque, o foco desta Coluna de Opinião será, claro, no município do agreste pernambucano.

Essa ansiedade se trata de ainda não verem os mais ignorantes digladiarem entre si, em defesa dos seus políticos de estimação, para assim alimentarem seus próprios egos e poderem puxar determinados sacos para satisfazerem seus prazeres mais ocultos e grotescos. As eleições municipais serão somente em outubro do ano que vem.

O brasileiro, por si só, já tem uma mania muito feia de polarizar as coisas e é sempre para nos obrigar a escolher entre dois lados, que são igualmente imprestáveis no fim. Isso explica muito do porquê a gente sempre se lasca desde que este grande território, que muitos insistem em chamar de nação, existe. Só que voltemos a Buíque, até para não deixar você, que lê a este texto, ansioso no tempo errado.

Já pipocam trocentos "blogs" de política nas redes sociais com pesquisas mirabolantes de intenções de voto a candidato tal, vitrines de propagandas de prováveis pré-candidatos, apoiadores descarados de determinados nomes que insistem em colocá-los como já certos e únicos a serem cogitados no pleito, repito, do ano que vem... Um negócio completamente patético, imoral e descaradamente desonesto.

Este município, querendo ou não, ainda tem um prefeito no exercício do seu mandato. E vem passando por problemas antigos de gestão que culminaram em problemas novos e ainda piores: seja em questionáveis cortes de gastos, na calamitosa condição da educação infantil, no transporte escolar, no desastre de quem cuida das finanças do município que "esqueceu" de pagar uma simples conta de luz de uma escola, dentre tantos outros. Quando se aparece um problema, o que se espera é que venha uma solução. Só que não é isso que acontece. Apela-se a essa patética pré-campanha antecipada para que os problemas atuais não sejam resolvidos, os devidos responsáveis não sejam cobrados (independente da cor da camisa que venha a vestir) e aquela parte ignorante da população venha a tumultuar numa discussão que sequer começou. Repito aqui, é patético!

Muito se fala sobre a provável disputa entre Jonas Camelo e Túlio Monteiro à prefeitura. Inclusive, quando eu fui à Live TV Buíque no dia 10, também fui questionado sobre isso. Como é que eu posso falar agora como certas essas candidaturas, sendo que o período de registro se inicia somente em abril? Sendo que há um vice-prefeito no exercício de seu cargo que ainda não disse para que veio e que pode se queimar politicamente, dependendo do que ocorrer na gestão municipal até lá? Sendo que o ex-prefeito ainda responde a alguns processos na justiça (fato público e notório) e que, a depender dos julgamentos destes processos, o Tribunal Regional Eleitoral poderá indeferir sua candidatura?

Então, propagar esse tipo de desinformação é injusto, pois se atropela a discussão do que realmente importa agora para o município; canalha, pois tenta obrigar a opinião pública a focar em um assunto completamente irrelevante agora; e desonesto, pois também se faz uma trapaça aos que ainda acreditam que seu voto é um instrumento de mudança política e social.

Ainda tem mais de 40 dias para acabar 2023. O foco precisa ser naquilo que, de alguma forma, será agregador agora e no que precisa ser resolvido agora. Se a eleição é só ano que vem, deixe ao ano que vem esse mal.

William Lourenço

Postar um comentário

AVISO: qualquer comentário que seja desrespeitoso ou ofensivo, ou que viole os Termos de Uso deste site, será automaticamente excluído pelos nossos administradores e, se necessário for, repassado à nossa Assessoria Jurídica para a tomada das devidas medidas cabíveis, dentro do que manda a legislação brasileira.

Postagem Anterior Próxima Postagem