As micro e pequenas empresas, além dos Microempreendedores Individuais (MEIs), tiveram um papel crucial na manutenção e criação de empregos no país, que atravessou dois anos dificílimos da pandemia de COVID-19. Nesta reportagem especial, o Podcast Cafezinho traz alguns dados que mostram que, mesmo tendo atravessado muitas dificuldades, ainda há otimismo nos pequenos negócios para o futuro (Foto de Ketut Subiyanto para Pexels) |
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Por William Lourenço
Entre os anos de 2020 e 2021, o mundo precisou dar uma desacelerada por causa da pandemia de COVID-19. Comportamentos precisaram ser adaptados a um ambiente em que se deveria ter pouco contato humano. Relações de trabalho precisaram ser modificadas para que se encaixassem àquela situação inédita.
Milhares de pessoas, infelizmente, perderam seus empregos neste período. E a situação, no aspecto econômico, só não foi ainda pior por causa das micro e pequenas empresas, que tiveram papel crucial na manutenção e criação de muitos empregos com carteira assinada no Brasil neste período, principalmente na área de Serviços. Os Microempreendedores Individuais (MEIs) também foram imprescindíveis para a economia brasileira.
O segmento dos pequenos negócios correspondeu por 78% dos empregos formais criados em 2021, beneficiou diretamente 86 milhões de brasileiros (40% da população), é responsável por 99% do número de empresas existentes no país, 30% do PIB nacional (todas as riquezas produzidas no país), 54% dos empregos com carteira assinada e 44% de todos os salários pagos em empregos formais no Brasil. Os dados foram extraídos do Atlas dos Pequenos Negócios, divulgado pelo SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas).
Imagem: Agência Sebrae de Notícias |
Um em cada cinco brasileiros ocupados atualmente é empreendedor. O segmento dos pequenos negócios (que engloba MEIs, Empresas de Pequeno Porte e Microempresas) injetou, somente em 2022, o montante de R$ 420 bilhões na economia brasileira: 1/3 desse valor (ou seja, R$ 140 bilhões) saiu somente dos Microempreendedores Individuais.
Imagem: Agência Sebrae de Notícias |
78% dos MEIs brasileiros têm sua atividade como empreendedor como única fonte de renda, o que dá pouco mais de 6,7 milhões de pessoas. O ranking da Pesquisa GEM feito em 2021, que levou em conta as economias de 50 países em seu levantamento, apontou o Brasil como aquele que tinha a 5ª maior taxa total de empreendedorismo do mundo. De 2002 a 2015, essa taxa quase que dobrou no país: de 20,9% para 39,3% da população adulta. O maior interesse dos brasileiros em abrirem seus próprios negócios, bem como as aprovações de leis que facilitaram as aberturas destes empreendimentos (como a Lei Geral das MPE, Simples Nacional, a própria criação do MEI, etc.), criou um ambiente mais favorável aos empreendedores.
Imagem: Agência Sebrae de Notícias |
A abertura de pequenos negócios em 2022 teve uma queda de 7%, se comparado a 2021, mas ainda assim superou o número registrado em 2019 (ano antes da pandemia). 78% dos mais de 3,6 milhões de novos empreendimentos abertos no Brasil no ano passado ficaram concentrados na categoria dos MEIs.
Imagem: Agência Sebrae de Notícias |
As aprovações das vacinas contra COVID-19 por parte da ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e a distribuição destas vacinas à população pôde trazer, mais a partir do ano passado, alívio e confiança para a volta às atividades em sua normalidade. Isso influenciou, também, no aumento da confiança dos empreendedores.
O Boletim Mensal Sondagem Econômica MPE, produzido pelo SEBRAE em parceria com a Fundação Getúlio Vargas, mostra que o Índice de Confiança das Micro e Pequenas Empresas avançou em fevereiro desse ano, após cinco meses consecutivos de queda. Vale lembrar que nestes meses onde foi apresentado queda no índice, houve o período pré e pós-eleição presidencial no Brasil.
Esse índice aumentou 3,8 pontos, se comparado com janeiro, chegando a 88,4. Todos os setores pesquisados registraram aumento, tendo no Comércio seu maior crescimento na confiança: 4,5 pontos. A pior pontuação desse índice em sua série histórica foi registrada em abril de 2020 (49,8), quando as primeiras medidas restritivas contra a COVID-19 estavam sendo implementadas nos estados brasileiros.
Quando separamos o Índice de Confiança pelos setores de atuação, percebemos que no Nordeste houve, em fevereiro deste ano, uma queda de 3,2 pontos no Comércio, um leve aumento de 1 ponto nos Serviços e um crescimento robusto de 8,9 pontos na Indústria. Essa área, aliás, foi a única com crescimento no índice em todas as quatro regiões pesquisadas (no levantamento, o Norte e o Centro-Oeste são apresentados como uma só região).
Outro dado interessante, aliás, que trazemos é o da Pesquisa Pulso dos Pequenos Negócios. Realizada pelo SEBRAE em parceria com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), ela ouviu 6.802 pessoas em todos os 26 estados e Distrito Federal, de forma online, entre os dias 23 e 31 de janeiro deste ano. O universo pesquisado agrega 19 milhões de pequenos negócios, com margem de erro de 1 ponto percentual (para mais ou para menos) e com intervalo de confiança de 95%. Por ser uma pesquisa muito abrangente e ampla, levando em conta que se trata de todo o Brasil, focaremos nos dados pertinentes ao estado de Pernambuco para esta reportagem.
Ao serem questionados sobre como ficou seu faturamento, em relação a janeiro do ano passado, 16% dos empreendedores pernambucanos disse que ele havia aumentado. 50% declararam que o faturamento diminuiu. 28% disseram que permaneceu igual e 6% não souberam ou não quiseram responder.
O aumento dos custos traz mais dificuldades para 37% dos pernambucanos ouvidos na pesquisa. Esses custos incluem aluguel, preços de mercadorias/insumos, combustível e energia elétrica. As dívidas com empréstimos atrapalham 10% dos empreendedores. A falta de clientes em seus estabelecimentos foi a queixa de 31% deles. Outros fatores citados como empecilhos foram: dívidas com fornecedores (3%), pandemia (4%), funcionários afastados por problemas de saúde (1%) e outros (9%).
A variação média do faturamento dos pequenos negócios registrou o pior índice justamente em Pernambuco, se comparado com todos os estados brasileiros: -19%, pior até que a média nacional (-10%). Somente Amazonas (+1%) e Sergipe (+2%) registraram aumento.
Para aqueles que disseram que o faturamento de sua empresa tinha aumentado, esse acréscimo foi, em média, de 33%: abaixo da média nacional, que foi de 37%. Para aqueles que disseram que o faturamento de sua empresa tinha diminuído, essa queda foi, em média, de 46%: pior que a média nacional, que foi de 44%.
77% dos pernambucanos entrevistados declarou que houve sim aumento dos custos em sua empresa nos últimos 30 dias, levando em conta que a entrevista foi realizada em janeiro deste ano. 8% deles disseram que repassaram todos esses custos diretamente aos clientes. 46% repassaram parcialmente, enquanto 44% não repassaram nenhum custo. 3% não souberam ou não quiseram responder.
As vendas por redes sociais e aplicativos de mensagens já são realidade para 71% dos empreendedores de Pernambuco. O Whatsapp é utilizado por 80% deles, seguido pelo Instagram (59%) e Facebook (25%). Apenas 11% dispõem de uma loja virtual própria.
33% tem, pelo menos, uma dívida ou empréstimo da sua empresa em atraso no estado. Para 37% dos entrevistados, o pagamento dessas dívidas representa de 30 a 50% dos custos mensais de sua empresa.
Ao menos, 68% dos empreendedores não precisou recorrer a outros empréstimos bancários nos três meses anteriores à pesquisa. Para os que precisaram, ele foi negado a 55% dos entrevistados.
Ainda assim, 70% dos pernambucanos empreendedores acreditam que o ano de 2023 será melhor que 2022. Otimismo maior até que a média nacional (67%). 16% creem que será pior, e 14% que será a mesma coisa do ano passado. Metade dos otimistas (50%) acredita que terá mais clientes e 17% acreditam que terão melhor acesso a crédito.
Já entre os pernambucanos pessimistas, 31% apontam que haverá aumento nos custos, 27% acreditam que terão menos clientes e 22% acreditam no aumento nas dívidas com impostos.
O estímulo ao crescimento econômico é apontado como principal preocupação a ser observada pelo governo por 52% dos entrevistados em Pernambuco. O combate à corrupção e o controle da inflação estão empatados em segundo lugar, com 16% cada. O corte de gastos também foi citado por 7% das pessoas ouvidas na pesquisa.
55% dos empreendedores pernambucanos não fizeram nenhum investimento em seus negócios nos três meses anteriores à pesquisa. Já entre os que investiram, 30% compraram máquinas e equipamentos (exceto informática) e outros 30% fizeram investimentos nas instalações.
11% avaliaram que o pior já passou. 46% admitem que ainda têm algumas dificuldades para manter seus negócios abertos. 26% disseram que os desafios provocaram mudanças que foram valiosas para seus negócios e 17% dos pernambucanos se mostraram animados com as novas oportunidades.
Em Buíque, município do agreste pernambucano, existem 1.255 pequenos negócios, de acordo com o SEBRAE. Destes, 579 são Microempresas, 576 são Microempreendedores Individuais e 50 são Empresas de Pequeno Porte. Apenas em 2022, mais 118 empreendimentos foram abertos no município.
Os empreendedores buiquenses podem contar com o auxílio da Sala do Empreendedor (parceria da Prefeitura com o SEBRAE) para abertura de MEI, emissão de DAS (Documento de Arrecadação Simples), Declaração de Faturamento Anual, emissão de Nota Fiscal, emissão e renovação de Carteiras de Artesão, bem como parcelamentos de débitos DAS-SIMEI (sistema de recolhimento em valores fixos mensais dos tributos abrangidos pelo Simples Nacional, devidos pelo Microempreendedor Individual), orientações para cadastro de prestadores de serviços turísticos, alterações nos dados do MEI, dentre outros.
A Sala do Empreendedor de Buíque fica na Praça Nanô Camelo, 97, Centro. O horário de atendimento é das 8 da manhã à 1 da tarde, de segunda a sexta-feira, exceto feriados. Você também pode entrar em contato por meio do telefone (87) 99933-4930 ou pelo e-mail saladoempreendedor.buique@gmail.com