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A última sessão deliberativa da Câmara de Vereadores de Buíque, no agreste de Pernambuco, que ocorreu nesta quarta-feira, ficou marcada por dois fatos peculiares.
O primeiro foi a ausência da maioria dos vereadores na sessão. Conforme foi divulgado pelo radialista Tony Silva, da Live TV Buíque, onze vereadores se encontravam no prédio da Câmara e até chegaram a assinar a ata de presença, mas seis deles resolveram ir embora antes do início da sessão. Os únicos que permaneceram foram os que aparecem na imagem acima: Elson Francisco, Melque do Catimbau, Maria Clara, Preto Kapinawá e Felinho da Serrinha (presidente da Câmara). A alegação para esta debandada foi a de que o tempo máximo de tolerância para aguardar o início da sessão (20 minutos) havia passado.
Foram embora antes do horário previsto e sem dar qualquer explicação os vereadores: Cidinho de Cícero Salviano, Leonardo de Gilberto, Creusa Couto, Edil França, Rodrigo da Ótica e Peba do Carneiro.
Os vereadores Deca de Zé de Napo, Aline de André de Toinho, Neném Barão e Enfermeiro Luís Cristiano foram os únicos que nem chegaram a ir ao prédio da Câmara na sessão desta quarta. Vale lembrar que um vereador de Buíque recebe mensalmente um salário de R$ 10.100,00. O presidente da casa ganha ainda um adicional de R$ 2.020,00 por exercer esta função. As sessões são realizadas uma vez por semana, sempre às quartas-feiras. Ou seja: cada vereador recebe, em média, R$ 2.525,00 (quase dois salários mínimos) por sessão. Inclusive os faltosos e os fujões. Levem em conta que ocorrem quatro sessões por mês na Câmara.
Dentre os que permaneceram e conduziram a sessão, os temas trazidos para discussão foram o processo que está sendo movido contra a presidente do SISAR Moxotó, Regiane dos Santos, o projeto de lei que regulamenta o transporte escolar no município e um requerimento exigindo que o prefeito Arquimedes Valença pague integralmente o piso nacional da enfermagem.
O segundo (e ainda mais grave) fato foi referente à perfuração de um poço dentro de uma área de conservação, que pertence ao Parque Nacional do Vale do Catimbau, no município de Buíque. Essa perfuração foi feita nesta terça-feira e compartilhada em um vídeo postado pelo vice-prefeito Túlio Monteiro em seu perfil no Instagram.
É possível ver no vídeo os vereadores Preto Kapinawá, Melque do Catimbau, Edil França e Rodrigo da Ótica. Além deles, o secretário municipal de Obras, Lourenço Camelo, esteve acompanhando a perfuração ao lado do vice-prefeito que, aparentemente, foi feita de forma irregular e com pretexto eleitoreiro (já que Túlio vem se apresentando como pré-candidato a Prefeito de Buíque em 2024).
O Parque Nacional do Vale do Catimbau fica dentro dos territórios dos municípios pernambucanos de Buíque, Tupanatinga e Ibimirim; e é administrado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), órgão federal subordinado ao Ministério do Meio Ambiente. Qualquer intervenção na área pertencente a este parque (incluindo as chamadas áreas de conservação) só pode ser feita com autorização do órgão, mediante apresentação de estudos técnicos que comprovem a necessidade daquela obra e que os impactos ambientais causados serão os menores possíveis.
Na sessão, Melque do Catimbau e Preto Kapinawá justificaram suas presenças na perfuração do poço, dizendo que, como vereadores, precisaram ir fiscalizar a obra por residirem nas proximidades.
Preto Kapinawá ainda disse, em sessão, que o maquinário usado na perfuração do poço havia sido enviado pelo prefeito de Arcoverde, Wellington Maciel. O que pode tornar o fato ainda mais grave.
O Podcast Cafezinho com William Lourenço entrou em contato, durante a produção desta reportagem, com a Assessoria Jurídica da Câmara de Vereadores de Buíque, com o prefeito Wellington Maciel e a Assessoria da Prefeitura de Arcoverde, com o vice-prefeito de Buíque Túlio Monteiro e com a Assessoria de Imprensa do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) para que eles pudessem enviar suas manifestações oficiais acerca dos fatos aqui trazidos.
O ICMBio informou, por meio de sua Assessoria de Imprensa, que está apurando o caso, a fim de tomar as providências necessárias. Os demais citados na reportagem ainda não se manifestaram.