PODCAST CAFEZINHO NAS ELEIÇÕES 2022: OS PERNAMBUCANOS EM DESTAQUE

 

Numa eleição inédita no Governo do Estado, Raquel Lyra se torna a primeira mulher a ser conduzida pro Palácio do Campo das Princesas. Já na decisão presidencial, o também pernambucano Lula conseguiu seu terceiro mandato como chefe do Poder Executivo nacional, tirando o atual presidente Jair Bolsonaro do Planalto (Reprodução/ Internet)

A apuração do segundo turno das Eleições Gerais de 2022 chega ao fim, com as definições dos 12 governadores que faltavam, além do Presidente da República que comandará as decisões que afetarão diretamente mais de 212 milhões de pessoas, a partir de primeiro de janeiro do ano que vem.

Aqui, daremos dois destaques importantíssimos de Pernambuco: o primeiro se refere justamente ao Governo do Estado. Depois de 16 anos do PSB no Palácio do Campo das Princesas, e pela primeira vez em sua história, uma mulher passa a ser a chefe do Poder Executivo estadual: RaqueLyra (PSDB) tem 43 anos e ocupava o cargo de prefeita de Caruaru desde 2016. Tem em seu currículo cargos importantes, como delegada da Polícia Federal, Procuradora-Geral do Estado, deputada estadual por dois mandatos e Secretária Estadual da Criança e Juventude, quando Eduardo Campos era governador em 2010.

No primeiro turno, sofreu o duro baque da perda de seu marido, o empresário Fernando Lucena (após um mal súbito no dia da votação). Mesmo assim, conseguiu se manter firme em sua campanha, junto com sua vice, Priscila Krause, focando principalmente em suas ideias e propostas nas áreas da Saúde, Educação e Segurança Pública. Tal apresentação de propostas foi bem vista por 58,7% dos pernambucanos, que deram a ela a oportunidade de colocar tais propostas em prática a partir do ano que vem. Marília Arraes (Solidariedade), sua oponente neste segundo turno, acabou se queimando por uma campanha mais focada em rebaixar a adversária de todas as formas possíveis e ficou com 41,3% dos votos válidos.

Reprodução/ Internet

Já na disputa presidencial mais apertada da história recente, Lula (PT) começou em desvantagem na apuração dos votos contra o atual presidente Jair Bolsonaro (PL), mas, aos poucos, o pernambucano de Caetés foi crescendo até que, com mais de 67% das urnas apuradas em todo o país, ele conseguiu ficar à frente de seu adversário na apuração. A vantagem, no entanto, era muito pequena para cravar sua eleição até chegar a mais de 98% das urnas apuradas em todo o país, quando o resultado era irreversível matematicamente. Lula, que se torna o primeiro presidente desde a promulgação da Constituição de 1988 a conseguir se eleger pela terceira vez, venceu com 50,89% dos votos válidos contra 49,11% de Bolsonaro, que se torna o primeiro presidente da história a não conseguir emplacar um segundo mandato consecutivo.

Já tendo sido Presidente entre 2003 e 2010, quando foi substituído por sua sucessora Dilma Rousseff, Luiz Inácio Lula da Silva, de 77 anos, já foi líder sindical, um dos fundadores do PT em 1980, deputado federal por São Paulo e concorreu quatro vezes consecutivas nas eleições presidenciais, desde 1989, até conseguir seu primeiro mandato como Presidente em 2002. A alta popularidade com que saiu da Presidência em 2010, devido ao fortalecimento de programas sociais como o Bolsa Família, já estava minada pelas denúncias do escândalo do Mensalão em 2005, e ficou bem arranhada com sua prisão em 2018, graças à Operação Lava Jato. Tal prisão ajudou no crescimento do movimento anti-petista no Brasil, que havia fortalecido o nome de Jair Bolsonaro, o colocando no Palácio do Planalto naquele ano.

O Supremo Tribunal Federal decidiu que o então juiz Sérgio Moro (senador eleito pelo Podemos no Paraná), que era responsável pelos julgamentos dos casos em que o ex-presidente era réu, pulou etapas importantes dos processos e foi parcial ao julgá-los. Isso porque, assim que Bolsonaro assumiu a Presidência em 2019, Moro virou Ministro da Justiça. Parte dos 26 processos que constavam contra ele prescreveu por conta de sua idade avançada, outra parte por falta de provas, e assim as barreiras judiciais lhe foram retiradas uma a uma, podendo novamente concorrer ao cargo mais importante de nossa República.

Para não passar a impressão de que queria vingança por sua prisão às vésperas de uma eleição, a campanha do petista se desdobrou pra reconstruir sua imagem, como alguém defensor da democracia, paz e amor e, acima de tudo, mais tolerante e mais tolerável que seu principal adversário. Agora eleito, o maior desafio de Lula será, justamente, o de parecer mais tolerável a um Congresso Nacional repleto de bolsonaristas, a uma parcela considerável de governadores eleitos (incluindo ex-ministros de Bolsonaro) e, sobretudo, parecer mais tolerável a, pelo menos, mais de 58 milhões de brasileiros que votaram a favor de Jair Bolsonaro, quase 4 milhões que votaram nulo, cerca de 1,7 milhão que votou em branco e outros 32,1 milhões que simplesmente não foram às urnas em rechaço a ambos os candidatos. A oposição a ele será bem mais forte, e promete ser bem mais contundente. Agora que seu principal nome deixa os holofotes do poder, tudo pode acontecer.

Amanhã, o Podcast Cafezinho transmite seu episódio inédito no streaming às 9 da noite (horário de Brasília). Também neste horário, só que neste site, será publicado um Editorial sobre o resultado de hoje e o que se pode esperar dos próximos quatro anos (tanto do eleito à Presidência quanto deste veículo de imprensa).

William Lourenço

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