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| Raquel Lyra e Marília Arraes se encontraram nos estúdios da TV Globo Nordeste, na noite desta quinta-feira, para uma última apresentação ao eleitorado pernambucano. Debate, no entanto, terminou melhor para Raquel (Reprodução/ TV Globo Nordeste) |
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Por William Lourenço
Na noite desta quinta-feira, a TV Globo Nordeste realizou o último debate entre as candidatas ao governo de Pernambuco, neste segundo turno das eleições. Foram quatro blocos: dois com temas livres e dois com temas que as candidatas Marília Arraes (Solidariedade) e Raquel Lyra (PSDB) poderiam escolher para dissertar.
A candidata Marília Arraes decepcionou neste debate, ao menos para mim. Podia ter apresentado com maiores detalhes suas propostas para o estado nos próximos 4 anos, mas preferiu dedicar a maior parte do tempo em que esteve exposta a milhões de pernambucanos para forçar uma associação da sua adversária ao atual presidente Jair Bolsonaro, como tentativa de ludibriar o eleitorado e transferir a rejeição que Bolsonaro tem (e fez por onde ter) para Raquel, que teve um crescimento impressionante no primeiro turno e hoje está à sua frente na maioria das pesquisas de intenção de voto. A "candidata de Lula" se escorou demais na imagem do ex-presidente e pode ter sujado sua própria imagem. Quis nacionalizar um debate estadual. Quis transferir as respostas de algumas questões exclusivas do Governador (ou Governadora, como será a partir de 2023) para um futuro governo do, assim diz Marília, "Presidente Lula". Se ele fosse garantia de muitos votos ou vitória, Marília não teria conquistado somente 23,97% dos votos no primeiro turno, sendo que no estado, o petista conquistou 65,27% dos votos na disputa presidencial. Ou pior: Danilo Cabral (PSB), que era o candidato apoiado oficialmente pelo PT, não teria ficado fora da disputa com pífios 18,06% dos votos. Tal desempenho explique o fato de ela ter faltado na maioria dos debates do primeiro turno. Se ela tivesse comparecido e tentado argumentar qualquer coisa, seria arriscado até perder a vaga do segundo turno pro Danilo.
As diversas tentativas de associação de Raquel a Bolsonaro por parte da campanha de Marília, especialmente na propaganda eleitoral que foi veiculada no rádio e TV, renderam à Marília uma punição do Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco, que concedeu para Raquel 49 direitos de resposta em inserções que pertenciam à campanha da ex-deputada federal. A Justiça Eleitoral entendeu que tal veiculação teve a intenção dolosa de prejudicar a campanha da ex-prefeita de Caruaru, que declarou publicamente neutralidade em relação aos candidatos a Presidente. Não apoiar nenhum dos dois não é crime.
O apoio recebido por Marília pelo PSB, partido que ficou no Palácio do Campo das Princesas por 16 anos, também a prejudicou. Nas poucas vezes em que o nome de Paulo Câmara, atual governador, foi citado no debate, Marília demonstrou desconforto. Até chegou a dizer que era crítica da atual gestão, mas a aproximação do partido com sua campanha nesta reta final, dado o recente governo estadual, não desceu bem pra muitos eleitores.
Marília até tentou apontar problemas no discurso de Raquel Lyra, quando a mesma citava seus feitos nas duas vezes em que foi eleita prefeita de Caruaru. Apelou até para colocar o pai dela, João Lyra Neto, e o tio Fernando Lyra no meio para tentar desestabilizá-la. Fernando Lyra foi deputado federal e ministro da Justiça quando José Sarney era presidente, e morreu em 2013. Já João Lyra Neto assumiu o governo do estado em 2014, após Eduardo Campos deixar o cargo para concorrer à presidência. Eduardo, que era primo de Marília Arraes, morreu em agosto do mesmo ano num acidente aéreo em Santos (SP).
Raquel focou em não ceder às provocações da adversária: falou muito mais de suas propostas e planos para o estado em todas as áreas em que foi questionada. Por mais que sua equipe tenha pedido diversos direitos de resposta por causa do que Marília havia dito sobre ela, a candidata do PSDB passou uma imagem mais moderada, jogando para sua oponente a imagem de uma pessoa desesperada por voto a todo custo. Conseguiu administrar melhor o seu tempo a seu favor em todos os quatro blocos, enquanto que Marília mais gastou seu tempo falando do "nós contra eles" e as respostas para os temas do debate (e aqui, vocês me perdoem pelo trocadilho) foram todas empurradas com a barriga para o próximo bloco, e depois para o próximo, e depois para o próximo, e depois acabou o debate.
Pode ser que alguns eleitores se guiem pelo lulismo ou bolsonarismo doentio e cego para votar em uma das candidatas ao governo de Pernambuco. Só que o embate desta quinta mostrou que independente de quem for o próximo presidente, isto muito pouco influenciará na decisão dos pernambucanos entre Raquel Lyra e Marília Arraes para o Palácio do Campo das Princesas. Como em muito pouco influenciou no primeiro turno.
Por aqui ser uma Coluna de Opinião, onde quem a escreve pode e tem a liberdade de opinar como quiser, direi o seguinte: dados todos os acontecimentos do dia 2 para cá, é muito mais fácil apontar uma vitória de Raquel do que de Marília. Pelos apoios de diversos prefeitos (inclusive o daqui de Buíque), de outros candidatos a governador no primeiro turno (até por isso que Marília insistiu na associação a Bolsonaro, pois nem destes ela recebeu apoio no segundo turno) e por uma campanha, até aqui, mais propositiva à população do que direcionada a somente atacar sua adversária. Uma boa impressão foi passada nesta quinta. Veremos no domingo se ela se transformará em vitória...