OPINIÃO: PERCEPÇÕES DO DEBATE ENTRE CANDIDATOS AO GOVERNO DE PERNAMBUCO

 

Dos sete candidatos convidados pela TV Globo para o debate que ocorreu na noite desta terça-feira, somente Marília Arraes (Solidariedade) e Anderson Ferreira (PL) faltaram. Sinal de que não tinham o que apresentar aos eleitores? (Reprodução/ TV Globo Pernambuco)

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Por William Lourenço


Nesta terça, aconteceu o último debate entre os candidatos ao Governo de Pernambuco, transmitido pela TV Globo.

Dos sete candidatos convidados pela emissora, dois faltaram: Marília Arraes (Solidariedade) e Anderson Ferreira (PL). É óbvio que estas ausências foram, por diversas vezes, citadas durante o debate, tanto pelo mediador quanto pelos seus adversários.

Marília, autodeclarada candidata apoiada por Lula (PT) e Anderson, candidato oficialmente apoiado por Jair Bolsonaro (PL), perderam uma grande oportunidade de, finalmente, se apresentarem de forma devida ao eleitorado pernambucano, sem se escorar em seus presidentes de estimação e sem a mentira da propaganda eleitoral. Poderiam ter ido, respondido às perguntas e colocado suas reais propostas em pauta. Preferiram arregar do debate, igual o Bolsonaro do prefeito de Jaboatão fez em 2018 e Lula, assim a própria diz, da deputada federal fez no último sábado.

Enquanto o lado bolsonarista na disputa do Palácio do Campo das Princesas se ausentou, o que mais eu vi no debate foi uma disputa entre quem era o maior puxa-saco do petista: Danilo Cabral (PSB), este sim apoiado oficialmente em coligação pelo PT; ou João Arnaldo (PSOL).

Como falei em meu perfil no Twitter, e repito aqui: "Fica muito difícil pro Danilo Cabral se apresentar como um candidato competente e confiável, quando se esquiva do fato de ser do PSB, que está comandando Pernambuco desde 2006, com o atual governador como o pior da história, e se escora no poluto do Lula". Percebi também um tom de arrogância nas falas de Danilo, já se dizendo ser o novo governador, por mais que as questionáveis pesquisas eleitorais o ponham como quarto colocado (o que nem o levaria para um segundo turno). O mesmo que o petista candidato à Presidência apresenta, por mais que minta de forma descarada com o discurso da "paz e amor".

Paulo Câmara é o peso que vem puxando sua candidatura pra baixo, ainda que apele com certa razão às incompetências de adversários como a própria Marília em seu período de deputada federal, ou de Miguel Coelho (União Brasil) enquanto prefeito de Petrolina. No entanto, Danilo abandonou seu cargo de deputado federal duas vezes para virar secretário em governos do PSB (Educação com Eduardo Campos e Planejamento com Paulo Câmara). Pressionado sobre a atual gestão, Danilo ficou sem argumento: jogou muito da responsabilidade que é do governador, até pro governo federal. Arregou também.

Miguel Coelho tentou falar sobre as coisas que fez em sua cidade, Petrolina, e respondeu às provocações do socialista (PSB é sigla de Partido Socialista Brasileiro, por isto o termo a Danilo Cabral) tocando justamente na ferida da continuidade de um partido que, desde 2006, vem ocupando a cadeira mais importante de Pernambuco. Só que como todo candidato tem seu próprio peso que o puxa pra baixo, o dele é somente o próprio pai: Fernando Bezerra Coelho, senador, ex-aliado petista e bolsonarista, que teve o nome envolvido numa denúncia feita pelo Ministério Público por abuso de poder político e tráfico de influência. Miguel e seus dois irmãos, candidatos a deputado, teriam sido beneficiados. A denúncia é tão grave que pode resultar na cassação de sua candidatura a governador, e ainda a perda dos direitos políticos por oito anos, em caso de comprovação do crime. Até por isso, ele ficou pedindo mais direito de resposta do que apresentou proposta.

Raquel Lyra (PSDB) fez o que qualquer candidato em sua posição tinha que fazer: falar mais com o público. A ausência de Marília foi muito benéfica a ela, cotada a disputar o segundo turno com a neta de Miguel Arraes. Mas vale a ressalva de que a prefeita de Caruaru, mesmo se apresentando como novidade na política, é filha de João Lyra Neto, que já foi vice-governador do estado com Eduardo Campos e prefeito da cidade que ela comandou por dois mandatos.

João Arnaldo (PSOL) até começou bem, porém mais ficou na disputa tacanha com Danilo Cabral sobre quem era o candidato preferido do Lula, do que apresentou proposta própria. Um adendo: o partido dele foi fundado em 2004, por políticos dissidentes do PT, que não concordavam com o rumo que o partido estava tomando. Hoje viraram todos vassalos, adivinha de quem?

A real surpresa, no entanto, foi o Pastor Wellington (PTB): questionador para os adversários, tranquilo em suas respostas e que cumpriu seu objetivo de aparecer bem ao público. Ainda que seu partido seja chefiado por Roberto Jefferson, velho conhecido do Mensalão, e que tem hoje como candidato à Presidência um "tapa-buraco" de propostas limitadas como o Padre Kelmon.

Quinta-feira será a vez dos candidatos à Presidência irem pro debate na Globo, e domingo será o grande dia da votação. Até aqui, foi muito pouco o que foi apresentado por todo mundo pra maioria dar a vitória já agora. Mas o povo já terá uma noção exata de quem levar (e, principalmente, de quem não levar) para o segundo turno, em 30 de outubro.



William Lourenço

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