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ESCLARECIMENTO AOS LEITORES: ao contrário das nossas Colunas de Opinião, o Editorial é uma publicação que representa, de forma conjunta, a opinião dos dois administradores do Podcast Cafezinho e, portanto, deste veículo sobre determinado assunto, sem deixar de lado todos os fatos a serem considerados.
ADENDO: para aqueles que quiserem comprovar com seus próprios olhos todas as informações que citamos neste Editorial, deixamos abaixo os links com notícias e outras referências para consulta.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ciro_Gomes
https://www1.folha.uol.com.br/fsp/1994/4/21/brasil/10.html
https://podcastcafezinhooficial.blogspot.com/2022/09/opiniao-o-voto-inutil.html
https://checamos.afp.com/doc.afp.com.32JQ4VY
https://g1.globo.com/globonews/video/roberto-jefferson-denuncia-esquema-do-mensalao-2054519.ghtml
https://veja.abril.com.br/coluna/radar/lula-temer-e-o-convite-para-tomar-aquele-uisque-gostoso/
https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/512137/noticia.html?sequence=1
https://pt.org.br/tag/mafia-da-merenda/
https://www.youtube.com/watch?v=itDmKwuuye4
Domingo será um dia difícil aos mais de 156 milhões de eleitores, incluindo-nos. Por um lado, nós temos o atual presidente Jair Bolsonaro tentando a reeleição após uma gestão desastrosa em todas as áreas (ainda que tenha ocorrido uma pandemia de COVID-19 no meio do caminho). O governo onde seus filhos fizeram a festa, sempre envolvidos em denúncias e escândalos de corrupção; a instabilidade criada pelo próprio chefe do Executivo perante o poder judiciário, o escândalo dos pastores e as barras de ouro no Ministério da Educação (pasta que teve diversos ministros), a má vontade na compra e distribuição das vacinas contra a COVID-19, a propagação da burrice, fora a fome, o desemprego que ainda assusta (embora herdado por ele, por causa da Dilma Rousseff)... Enfim, motivos não faltam para não dar a ele mais quatro anos à frente do nosso país.
O problema (e esta é uma tecla que a gente bateu aqui em uma das nossas Colunas de Opinião) é o chamado e famigerado voto útil, que na verdade é o apelo, o conchavo e até a chantagem para que outro imoral tome o lugar do Bolsonaro: Lula, que foi duas vezes Presidente (entre 2003 e 2010), meteu a Dilma Rousseff em sequência (de 2011 a 2016) e, por causa de escândalos de corrupção igualmente escabrosos como o Mensalão e o Petrolão (aliados à incompetência da Dilma à frente do país e até à tentativa de blindar o chefe do PT quando a Operação Lava Jato se aproximava de pegá-lo em 2016, dando um cargo de Ministro da Casa Civil) que ele se desmoralizou perante muitos brasileiros. Muitos destes que votaram no Bolsonaro em 2018, porque estavam de saco cheio da campanha do petista feita de uma cela da Polícia Federal em Curitiba.
O Supremo Tribunal Federal julgou parcial a conduta do então juiz Sérgio Moro no caso, porque ele não tinha a devida competência para fazer a devida análise dos processos. Isso cinco anos depois (que delay, hein?). No entanto, o que estava dentro destes processos não foi desconsiderado, e é ai que o Lula, no bom e velho Português, mente. Dos 26 processos aos quais o petista foi formalmente acusado (e o próprio diz isso, que foram 26), ele só foi formalmente absolvido em três porque a Justiça entendeu que não houve ilegalidade. Cinco foram arquivados por falta de provas, outros três estão suspensos (ou seja, podem ser reativados a qualquer momento) e outros quatro prescreveram porque, segundo nossa legislação criminal, quem tem mais de 75 anos não pode responder a processos desse tipo na Justiça. Lula fará 77 anos no mês que vem. A Organização das Nações Unidas (ONU), tão citada pelo petista, não tem sequer jurisdição pra decidir se alguém é culpado ou inocente no Brasil. Ela só chegou à conclusão, perante seu Conselho de Direitos Humanos, que Moro foi parcial na conduta dos processos que o levaram à prisão em 2018, não julgou o mérito das acusações. Fonte: Agência AFP
A tal presunção de inocência dada ao ex-presidente significa, na prática, que ele ganhou o direito de provar perante a Justiça que não é culpado dos crimes aos quais foi acusado. Presunção: presume-se, talvez ele seja. Todos somos inocentes até que a Justiça prove o contrário. No caso dele, já provou, já o prendeu, já o soltou e o deixou concorrer de novo.
Lula desmoralizou a cadeira de Presidente da República de uma forma que ainda é dolorida aos cidadãos decentes que ainda existem nesse país, e que confiaram nele. Bolsonaro poderia ter sido o melhor presidente da história, mas não quis também: preferiu manter a desmoralização da cadeira que ocupa, se unindo a notórios corruptos que são velhos conhecidos dos tempos do Lula. Valdemar da Costa Neto é um deles. Roberto Jefferson, que seria candidato à Presidência pelo PTB se não fosse o indeferimento do TSE, é outro.
O petista, que insiste em bater na tecla do "golpe" que foi o impeachment da Dilma de 2016, causado pelo então vice dela, Michel Temer, agora está conversando nos bastidores com ele pra costurar uma aliança. Passou a ser apoiado por Geddel Vieira Lima, aquele mesmo dos R$ 51 milhões no apartamento; Renan Calheiros, o que disputa com o Fernando Collor quem é mais poluto em Alagoas; Eunício Oliveira, o cearense que ganhou R$ 1 bilhão em contratos suspeitos durante os governos petistas; e que tem como seu vice Geraldo Alckmin, adversário de outras eleições presidenciais de onde o petista criou o lema do "nós contra eles" e que o intitulou como chefe da "Máfia da Merenda", enquanto era governador de São Paulo.
É o candidato que se apresenta como respeitador da diversidade sexual e das mulheres, em antítese ao seu oponente, mas que já perguntou onde estavam as "mulheres de grelo duro" do seu partido, que falou que Pelotas (cidade no Rio Grande do Sul) era "exportadora de viado"; que disse em comício que se um homem quiser bater em mulher, que vá bater em outro lugar (o contexto não tira a infelicidade da frase). Até admiração a Adolf Hitler ele já disse que tinha... É contraditório...
O mesmo argumento, usado com razão, do Bolsonaro ser contraditório, em falar uma coisa e fazer o seu oposto, também se aplica ao Lula. E esses apoiadores acéfalos e interesseiros não querem aceitar o fato de que não apoiar um não é apoiar o outro. É a tentativa de imposição do "nós contra eles", de novo. Ou o bem contra o mal. Que coisa de panaca...
Seja por essa babaquice do voto útil (que, como já foi dito aqui, é inútil por tentar minar seu direito de escolha no candidato que quiser e considerar o melhor), ou pelo conchavo de outros acéfalos com selo azul no Twitter pra tentar convencer (de forma obrigatória) que só tem duas escolhas, quando doze candidatos concorrem que nós, enquanto eleitores, não votaremos em nenhum desses dois. Brasileiro ainda é idiota pra votar, e o próprio Bolsonaro falou isso enquanto deputado federal. E enquanto mantivermos esse pensamento tosco e populista de ser acuado toda eleição pra ir pro lado do "vamos todos dar a bunda" ou do "vamos todos ter uma arma" (porque isso não pode ser chamado de esquerda e direita), o país jamais sairá desta zona e desta fossa moral, civil, econômica, social e política em que se encontra. É esse tipo de tosquice que acaba com uma democracia: ainda mais a nossa, que nem tem 35 anos de existência.
Por estes motivos, e ao contrário dos demais colegas e veículos de imprensa brasileiros, nós, administradores do Podcast Cafezinho, estamos declarando publicamente e de forma oficial aos nossos seguidores, leitores e ouvintes o nosso apoio e o nosso voto no primeiro turno destas eleições presidenciais ao candidato Ciro Gomes (PDT), pois suas propostas e seu histórico se assemelham mais ao que pessoalmente acreditamos ser o melhor ao Brasil.
Poucos neste país, e num meio tão corruptível como a política, podem se gabar de um currículo tão extenso e de uma ficha tão limpa quanto ele: prefeito de Fortaleza (CE), deputado estadual, deputado federal, governador e até secretário de Saúde do Ceará, Ministro da Fazenda e da Integração Nacional, presidente da Transnordestina e diretor da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) por um ano. Além de tudo isso, fez carreira como professor universitário, com passagens, inclusive, pela Universidade de Harvard (ele realmente esteve lá). Além disso, ele já escreveu quatro livros.
Os únicos processos aos quais Ciro, um dia, respondeu, foram por danos morais porque, em suas falas, ele fez denúncias e xingou notórios corruptos como Michel Temer, Eduardo Cunha, o próprio Jair Bolsonaro e o Eunício Oliveira também. Destempero, ao contrário do que muitos podem pensar, não é pior que desvio de caráter.
É um dos poucos que propõe o que deseja fazer em seu mandato, como pretende fazer, que incentiva o eleitor a conhecer mais sobre o assunto e a pesquisar. E como sempre dizemos, político não tem que ser defendido: tem que ser cobrado pelo seu trabalho quando eleito, pra que cumpra com as promessas feitas em campanha.
Aos que ainda insistem em querer votar no Lula pra tirar o Bolsonaro, ou no Bolsonaro pra tirar o Lula, saibam que este sim será o voto mais inútil que vocês darão ao país. Democracia tem alternância de poder e pluralidade de candidatos, ideias e propostas. Parem com essa mania feia de defender seu bandido favorito. Considerem outras opções, porque elas existem. O que está aí não dá mais, porém o que já foi também não merece voltar.
Quem apoiava um destes dois bandidos sem conhecer as atrocidades cometidas por eles, até poderia ser chamado de ingênuo, no máximo ignorante. Quem os apoia agora, com tudo que já sabemos de ambos, não pode ser considerado nada menos que cúmplice destes crimes e tão bandido quanto eles. Os dois são, no fundo e em sua essência, a mesma coisa. E seus ferrenhos puxa-sacos também.
Neste domingo começa o dia mais difícil da nossa democracia, porque teremos a oportunidade e a obrigação moral de tirar dois tumores malignos da política brasileira. Não há mais solução fácil: ou fazemos isso pra nossa democracia ter uma sobrevida, ou ela morrerá de vez.
Não os obrigaremos a votar em nosso candidato, até porque isso não faz parte daquilo que consideramos ser justamente a democracia, mas pedimos que considerem a possibilidade de dar um voto de confiança ao Ciro. Deixem ele, pelo menos, ir ao segundo turno e, quem sabe assim, praticar suas ideias como Presidente da República. Essa chance não pode ser jogada fora por nós.
Mudar é duro, é incômodo, até doloroso, mas é necessário para nosso crescimento enquanto nação. Considerem o Ciro Gomes como opção. Nem 13 nem 22: vá de 12, que é até mais fácil de digitar na urna.
E é só isso.
Assinado por:
William Lourenço, jornalista registrado sob o número 0007279/PE
João Gabriel Silva, jornalista registrado sob o número 0007293/PE
Criadores e administradores do Podcast Cafezinho com William Lourenço