EDITORIAL: "BONS VENTOS" NÃO SOPRARAM EM BUÍQUE NESTE SÃO PEDRO

 

O cancelamento da Festa de São Pedro na noite de ontem, por causa de um problema no palco provocado pela ventania, só escancarou uma coisa que vinha sendo mostrada desde muito antes do público se dirigir à Praça de Eventos: a desorganização por parte da Prefeitura do município do agreste pernambucano na organização deste evento (Reprodução/ Internet)

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ESCLARECIMENTO AOS LEITORES: ao contrário das nossas Colunas de Opinião, o Editorial é uma publicação que representa, de forma conjunta, a opinião dos dois administradores do Podcast Cafezinho e, portanto, deste veículo sobre determinado assunto, sem deixar de lado todos os fatos a serem considerados.


A Prefeitura de Buíque, em Pernambuco, cometeu uma série de deslizes na realização (ou não realização) da Festa de São Pedro deste ano. O que era para ser um grande evento de retomada, após dois anos sofríveis por conta da pandemia de COVID-19, se transformou em um fiasco igualmente memorável, com um cancelamento em cima da hora das apresentações dos cantores contratados por causa de um palco aparentemente montado em cima da hora, e seriamente avariado por uma ventania (leia a matéria completa clicando aqui). No entanto, tal fato não surpreendeu tanto boa parte dos cidadãos, porque o que começa errado não pode terminar de outra forma.

No dia 07 de junho, a Secretária de Finanças do município, Telma Valença (que, a quem ainda não sabe, é filha do atual prefeito Arquimedes Valença), foi a uma rádio do município anunciar que a festividade, já tradicional na região, voltaria a ser realizada, dando como certos os nomes, por exemplo, da dupla César Menotti e Fabiano. Só isso, sem maiores explicações.

No dia 08, o cantor César Menotti havia divulgado sua agenda pública de shows para o mês de junho. E nesta agenda, no dia 29, não constava o nome de Buíque, mas sim de Bom Conselho, outro município pernambucano. O Podcast Cafezinho foi o primeiro e único veículo de imprensa da região a perceber, e a apontar, esta incongruência. Nossa reportagem publicada no dia 11 repercutiu de forma avassaladora em todo o município, pondo pela primeira vez em xeque a realização do evento prometido. Houve, por parte de alguns blogueiros aliados ao prefeito, a tentativa de desvirtuar nosso trabalho, chamando-o de fake news (o que, para nós, foi espantoso pelo fato deste ter conseguido escrever palavra tão difícil para ele) e a considerar como verdade absoluta somente o lado da prefeitura: novamente, sem dar mais detalhes.

Como aqui, o trabalho é realizado por jornalistas (com registro profissional, vale sempre destacar) e não meros escritores de blog, tentamos o contato de todos os envolvidos durante dois dias para levar, aos buiquenses, um esclarecimento que deveria ter sido dado desde o início pela administração pública. E, pelo fato de aqui terem jornalistas profissionais, o contato nos foi retornado no dia 13 por um dos empresários dos contratados. Explicamos, inclusive, o porquê do cancelamento do show que ocorreria em Bom Conselho nessa mesma matéria.

A falha na comunicação da Prefeitura com os contratados foi o primeiro strike: isso porque, ao lidar com profissionais na realização de grandes eventos, uma das coisas mais primordiais é que haja uma harmonia entre eles para a divulgação: se o cantor X foi chamado para cantar em Buíque no dia 29, por exemplo, tanto ele quanto a prefeitura precisam combinar, nem que seja por contrato, pra anunciar a mesma apresentação, na mesma data.

Falha feita, após toda esta confusão, tudo parecia ir bem e a festa finalmente ocorreria. Só que...

Instantes antes do início da festa, houve uma alteração nos horários das apresentações. A dupla César Menotti e Fabiano, que era a atração principal e que ficaria para o final da festa (por volta da meia-noite), teve seu horário alterado para as dez horas. Isso depois do anúncio realizado em TV aberta, por parte da TV Asa Branca (afiliada da TV Globo para Caruaru e região). E ninguém tinha certeza de como estava a estabilidade do palco...

Com isso, mais pessoas de outras cidades (que haviam ido curtir as festas juninas, por exemplo, de Arcoverde) se deslocaram pela PE-270 para a Praça de Eventos. E aí, depois das oito da noite (horário anunciado para começar o evento), aconteceu a ventania, que afetou a estrutura do único palco montado... E o resto vocês já acompanharam, inclusive aqui.

Não deu outra: reclamações e vaias dos presentes, manifestações dos cantores (veja o depoimento de César Menotti e Fabiano sobre o ocorrido em nosso perfil no Instagram) e a Prefeitura, o prefeito e os organizadores virando motivo de chacota.

Na noite desta quinta-feira, a Prefeitura de Buíque fez uma nova manifestação oficial sobre o desastre, reafirmando que honrou com seus compromissos (inclusive, já havia pago os cachês de todos os contratados) e, como forma de demonstrar transparência, divulgou os comprovantes de pagamentos desses cachês, como você pode conferir nas imagens abaixo:

Comprovante de pagamento do cachê da dupla César Menotti e Fabiano

Comprovante de pagamento do cachê do cantor Felipe Amorim

Comprovante de pagamento do cachê do cantor Kaik Góis. Todas as imagens aqui postadas foram divulgadas inicialmente pela Assessoria de Comunicação da Prefeitura de Buíque-PE

Segundo constam nas próprias notas divulgadas, a Prefeitura de Buíque pagou à Four Even Eventos (responsável pela contratação da dupla César Menotti e Fabiano) o montante de R$ 187 mil. A transferência foi realizada às 12:04 do dia 29 de junho, ou seja, oito horas antes do início do evento.

O cantor Felipe Amorim, aqui representado pela One Play Gravadora e Produtora de Eventos, recebeu de cachê R$ 150 mil. Felipe ficou conhecido pela música "No Ouvidinho", mais conhecida em plataformas como o TikTok. A transferância foi realizada à 1:30 da tarde do mesmo dia 29.

Já o cantor Kaik Góis, aqui representado por D Roberto Braz Freire, recebeu de cachê o valor de R$ 30 mil. A transferência para a conta favorecida foi realizada às 11:48 da manhã. É comum o pagamento dos cachês de cantores ser feito somente no dia marcado para a apresentação. Em alguns casos, paga-se metade do cachê combinado no dia da apresentação e a outra metade após a apresentação, no dia seguinte. A Prefeitura não esclareceu se os valores transferidos eram dos cachês integrais ou parte dos cachês. Faltou também a divulgação, por parte da Prefeitura, da nota de pagamento do cachê do cantor Netinho Souza, que também estava entre os relacionados para a festa.

Já foi anunciado que uma nova data para estas apresentações será combinada. Só que o vexame já foi feito. Por mais que a Prefeitura não seja, de todo, culpada pelo fiasco, foi omissa demais em muitas coisas antes, durante e, principalmente, após a festa que não aconteceu.

Vejamos se bons ventos soprarão a favor da gestão municipal, ou se a Prefeitura continuará nas mãos de quem faz a festa do jeito errado.

William Lourenço

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