O atual governador de São Paulo foi eleito o pré-candidato à Presidência pelo PSDB, nas prévias mais atrapalhadas da história republicana brasileira |
Por William Lourenço
Depois de terem sido enfim encerradas as prévias do PSDB para escolher o seu nome à Presidência da República no ano que vem, João Doria foi escolhido sem surpresa a ninguém.
O atual governador de São Paulo tem agora o difícil trabalho de se mostrar como um candidato mais simpático à população brasileira, e digno de ser a terceira via que tentará combater Lula (do lado do PT) e Jair Bolsonaro (do lado do PL, pelo que tudo indica).
Por mais que tenha travado uma briga pública com o atual presidente para trazer a vacina da Coronavac ao Brasil, e tenha uma repulsa também pública ao ex-presidente, Doria não inspira muita confiança, sobretudo do eleitorado mais humilde (presa fácil e mais atraente para os políticos nesse período eleitoral).
Sua falta de tato com a classe mais pobre do país (muito pelo fato dele ter feito fortuna como publicitário antes de 2016) e esses "tabefes" verbais dados atualmente tanto para a esquerda quanto para a direita (lembrando que ele apoiou Bolsonaro em 2018 e, só por isso, se elegeu governador com aquela ridícula chapa BolsoDoria) o fazem ser visto com desconfiança e até rejeição, comparado com outros pré-candidatos como Sérgio Moro, Ciro Gomes e até o Luiz Henrique Mandetta.
Eu me lembro, na campanha dele para prefeito de São Paulo em 2016, de duas coisas que eu ouvi: a primeira, foi quando ele começou a falar de sua infância. Do pai, então deputado federal pela Bahia, que foi exilado, e da pobreza que ele enfrentou na infância e adolescência, que era de cortar o coração "ver a geladeira vazia". Ponto a destacar: João Agripino da Costa Doria Junior nasceu em 16 de dezembro de 1957. Sabe quem tinha uma geladeira em casa nos anos 60 e 70, no Brasil? Quem era rico! Sabe o que tinha em minha casa na minha época de pobreza? Com certeza, não era uma geladeira!
A segunda coisa foi que, sendo eleito prefeito, ficaria os quatro anos na Prefeitura. Mentiu, e o povo de São Paulo sabe disso também. Correu para o Palácio dos Bandeirantes, já mirando o Palácio do Planalto.
Poderia falar também da falta de trato com a situação do Brasil como um todo, da tentativa forçada de querer se afirmar como uma liderança política relevante, mas, para encerrar, só o que posso dizer a respeito do João Doria é que, tirando a vacina do Butantan (que ele foi responsável por tornar uma coisa politizada), a única coisa pela qual ele será lembrado vai ser pela sua calça apertada.